PM identifica policiais que aparecem atirando em área incendiada em Curitiba

Moradores acusam policiais de incendiarem o local em represália por morte de colega

Estelita Hass Carazzai
Curitiba

A Polícia Militar do Paraná identificou os dois policiais que aparecem atirando contra casas numa área de invasão em Curitiba, durante uma operação na sexta-feira (7). Os policiais militares estão sendo investigados pela corregedoria da PM. Eles foram afastados das suas funções, e assim permanecerão pelo menos enquanto durar a investigação.

As imagens, em poder do Ministério Público do Paraná, foram divulgadas nesta segunda (10) pela Folha.

Os dois policiais, que vestem coletes balísticos da PM, mas usam roupas comuns e um carro descaracterizado, gritam: “Vai pra dentro, caralho” e “vagabundo”. Eles atiram pelo menos dez vezes na rua, a esmo e contra casas. 

​Naquela sexta (7), a PM fazia uma operação para identificar os assassinos de um policial morto a tiros de metralhadora durante a madrugada. Moradores acusam a polícia de truculência, e dizem que casas foram arrombadas a pontapés, sem mandado judicial.

A ação foi realizada horas antes do incêndio que destruiu cerca de 300 casas na vila, na madrugada de sábado (8).Moradores ouvidos pela Folha afirmam que policiais tiveram participação no incêndio.

Incêndio em uma invasão na periferia de Curitiba destruiu cerca de 300 casas na madrugada deste sábado
Incêndio em uma invasão na periferia de Curitiba destruiu cerca de 300 casas na madrugada deste sábado - Reprodução

A PM nega e suspeita de ação do crime organizado, em represália a operações que combateram quadrilhas de tráfico de drogas na comunidade.

Em nota, a PM afirmou que “não compactua com desvios de conduta de seus integrantes e caso sejam comprovadas irregularidades, os canais de saneamento e correição serão aplicados ao rigor da lei”.Nesta terça (11), um homem foi preso suspeito de participar da morte do policial militar.

Ele confessou ter atirado contra o PM, segundo a Polícia Civil. Cerca de 400 famílias moram na invasão, conhecida como Ocupação 29 de Março, que existe há cerca de quatro anos. Dezenas de crianças e uma grande comunidade de imigrantes haitianos vivem no local. 

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