Descrição de chapéu Agora

Monotrilhos da linha 15-prata em SP se chocam na estação Jardim Planalto

Segundo o metrô uma sindicância será aberta para apurar as causas do acidente

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

São Paulo | Agora

Dois trens da linha 15-prata do metrô (monotrilho da zona leste) colidiram na noite de terça (29) em uma área de manobra da estação Jardim Planalto, em Sapopemba. Os vagões estavam sem passageiros e havia apenas um operador da companhia, que tentou impedir a batida acionando um freio de emergência da composição em movimento.

A colisão ocorreu um dia depois de peças do sistema de energia se romperem a 15 metros de altura, próximo à estação Vila União.

A falha se soma a uma série de problemas que se sucederam desde a entrega de quatro novas estações (São Lucas, Camilo Haddad, Vila Tolstói e Vila União), em 12 de janeiro. O número de passageiros subiu de 14 mil para 45 mil ao dia. 

O incidente aconteceu por volta das 23h em um trecho que ainda não foi entregue à população. O sistema de controle de tráfego usado no local, conhecido como CBTC, deveria impedir a aproximação dos trens e evitar a batida. Mas, segundo metroviários, a falha nesse sistema obrigou o operador do trem a acionar o freio manualmente, depois de avistar a composição que estava logo à frente. O funcionário se feriu durante a operação.

Diretor do Sindicato dos Metroviários e da Fenametro, Alex Fernandes afirma que o sistema CBTC tem causado problemas desde que começou a ser implantado. “Se a intenção é retirar o operador de trem, o que a gente é contra, o sistema deveria ter a mesma segurança que o anterior”, afirma.

Segundo Fernandes, pelo fato de as composições do monotrilho não contarem com cabine, o operador precisou abrir uma espécie de capô, com chave, para acionar o freio. “Imagine se houvesse passageiros e ele tivesse que passar por todos para fazer o acionamento?” 

Coordenador do curso de engenharia da Universidade Presbiteriana Mackenzie, Luiz Vicente Figueira de Mello Filho afirma que seria difícil o trem despencar dos pilares, por causa da forma como a composição é construída. Porém, ele diz que isso não é impossível de ocorrer.

“A gente não pode excluir essa possibilidade. É preciso haver uma sucessão de erros, não apenas uma colisão”, diz. Uma batida em uma curva, por exemplo, favoreceria a queda.

Mello Filho afirma que o correto seria suspender a circulação dos trens e realizar mais testes. “Tem que parar neste momento e reavaliar todos os pontos”, diz.

O presidente do Metrô, Silvani Pereira, afirma que a companhia investiga o que provocou a colisão e que o resultado da apuração será divulgado nesta quinta (31).

Ele ressaltou o fato de que o acidente ocorreu em um local ainda não entregue à população. 

Pereira diz que o Metrô não negligencia a segurança dos passageiros, mas a operação será mantida nos trechos já em funcionamento na linha 15-prata.

“De forma alguma se discute a interrupção do serviço. Em momento algum comprometeu a operação, que ocorreu hoje [nesta quarta (30)] dentro da normalidade.”

O presidente da companhia diz também que, mesmo sem ser projetado para isso, o monotrilho continuará a contar com operadores enquanto for necessário para a segurança.

Questionado se há risco de uma composição cair do trilho em caso de acidente, Pereira preferiu não se comprometer.

“Não sei se amanhã estou vivo. O que existe é que todo modal passa por investimento e pesquisa para ser desenvolvido com segurança. Quem fabrica o sistema é quem produz aviões”, diz.“Trabalhamos para que isso não venha a acontecer”, afirma. “Quem utiliza pode embarcar e ir para o trabalho de forma tranquila”, completa.

As constantes falhas já fazem passageiros ficarem com um pé atrás em relação à confiabilidade do monotrilho. “Meu medo é acontecer um problema e eu chegar atrasada no trabalho”, diz a vendedora Danielle Galvão de Oliveira, 35. 

Danielle trabalha na avenida Paulista (região central), toma o monotrilho da estação São Lucas à Vila Prudente. Com ele, a vendedora leva 50 minutos até o trabalho. Sem ele, tem que pegar ônibus até a Vila Prudente e leva uma hora e 10 minutos.

“Esperava que facilitaria a vida, mas fiquei frustrada”, diz a vendedora, que chegou a ficar 20 minutos parada no trem em dia de chuva. ​

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.