Descrição de chapéu Tragédia em Brumadinho

Rio de Brumadinho desce de nível e cidade é tomada por boataria, diz morador

'Estamos muito apreensivos sem saber o que é verdade ou não', disse

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Rio de Janeiro

Moradores de Brumadinho (MG) viveram momentos de tensão com o rompimento de uma barragem da mineradora Vale na cidade, na tarde desta sexta-feira (25). 

Neste momento, uma onda de boatos toma conta do local. Os relatos são agravados pelo fato de que o rio Paraopeba, que corta a cidade, desceu de nível próximo ao centro. 

Moradores acreditam que a onda de lama e rejeitos vindo das barragens rompidas tenha fica represada em algum ponto e que a qualquer momento uma enxurrada pode varrer os bairros que ficam à beira do rio e também próximos a córregos que conectam com o Paraopeba. 

Bombeiros, Defesa Civil e policiais militares e civis percorrem as áreas de risco da região orientando moradores a deixarem suas casas. De acordo com o Corpo de Bombeiros local, pelo menos 200 pessoas estão desaparecidas. 

O rompimento ocorreu na zona rural da cidade, cerca de 16 quilômetros do centro, que está com comércio fechado e ocupado por moradores em busca de informações. 

Segundo relatos da população local, o refeitório para os funcionários da Vale que fica dentro das instalações da mineradora foi atingido pela onda de lama, assim como um restaurante que é popular entre os moradores da zona rural próxima às instalações da empresa. 

O rompimento ocorreu próximo da hora do almoço, quando esses lugares estavam com muito movimento, segundo moradores locais. Os bairros mais afetados seriam o Córrego do Feijão, São Conrado e Pires. 

"Parece que a lama destruiu tudo por lá e muita gente foi soterrada. Achamos que tem muito corpo naquela área", disse à Folha o morador local e comerciante Victor Monteiro dos Reis, 33. 

A principal ponte de acesso à cidade, que fica no centro e que passa sobre o rio Paraopeba, foi interditada pelos bombeiros.

Segundo Reis, por volta das 13h começaram a surgir nos aplicativos de mensagens de celular a informação do rompimento das barragens. 

Ele, que mora próximo ao centro, mas na beira do rio, recolheu seus pertences de valor, colocou seus móveis em locais altos da casa temendo a enxurrada e correu para o centro, nesse momento o local menos afetado da cidade.

Inicialmente, o comerciante disse que achou que era boato, já que desde o desastre em Mariana (MG) é comum que mensagens do tipo circulem pelos celulares na região.

"Na hora do almoço começou a pipocar uma porção de mensagens falando que estourou uma barragem. Eu achei que fosse mentira, mas uma das mensagens era do do meu pai, avisando para eu sair de casa e me proteger. Eu arrumei o que dava para arrumar e vim pro centro correndo", disse. 

Ainda segundo Reis, os moradores estão atônitos e apreensivos.

"Aqui no centro, o rio está assoreado com tanta lama. O curso, inclusive, mudou de direção. O risco é que essa lama esteja represada em algum lugar no meio do caminho e quando esses rejeitos descerem arrastarem tudo o que estiver no caminho. Estamos todos muito apreensivos aqui sem saber o que é verdade ou não", disse. 

Reis explicou que além do rio Paraopeba, a cidade é cortada por diversos córregos, cujas margens são ocupadas por residências. O temor, neste momento, é que uma nova enxurrada atinja áreas ainda não afetadas pela lama.

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