Ministério Público apura ação policial em favela do Rio que deixou ao menos 13 mortos

Operação aconteceu no morro dos Prazeres e Fallet Fogueteiro na sexta-feira (8)

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Rio de Janeiro

O Ministério Público do Rio de Janeiro ouvirá nesta semana os comandantes dos batalhões de Choque, Bope (Batalhão de Operações Especiais) e Coe (Comando de Operações Especiais), que participaram da operação que deixou ao menos 13 mortos na última sexta-feira (8), em morros do Centro do Rio.

A Secretaria Municipal de Saúde afirmou que 14 pessoas haviam morrido na sexta-feira em decorrência da operação policial, mas depois retificou o número para 13 vítimas. 

A Promotoria informou que o caso está sob responsabilidade da 23ª Promotoria de Investigação Penal, que está sendo auxiliada pelo Gaesp (Grupo de Atuação Especializada em Segurança Pública). Desde sexta, o grupo vem recebendo informações, dados e imagens que irão ajudar na investigação sobre a operação.

Na sexta-feira (8), a Polícia Militar divulgou balanço da operação no morro dos Prazeres, Fallet Fogueteiro, afirmando que foi recebida a tiros por criminosos. Familiares e moradores do Fallet, no entanto, dizem que os policiais atiraram mesmo após a rendição dos suspeitos. Não há informações de agentes feridos ou mortos. 

Segundo os moradores da favela, os suspeitos se refugiaram em uma casa, onde foram assassinados. Há imagens da parede cravejada de balas e do chão ensanguentado. Mesmo após a divulgação das fotos, a Polícia Militar manteve a informação de que os corpos dos suspeitos foram encontrados em vias da comunidade.

Questionada sobre as imagens, a assessoria da PM respondeu que apenas a investigação da Polícia Civil poderá esclarecer os fatos, mas que toda ação da corporação é pautada pela preservação da vida.

Os corpos foram enterrados neste domingo (10), no cemitério São João Batista, em Botafogo. Moradores dizem que mais dois suspeitos foram encontrados mortos em uma mata no morro dos Prazeres, mas a informação ainda não foi confirmada pela Polícia Civil.

Vídeo que circula em grupos de WhatsApp de defensores dos direitos humanos mostra os moradores do morro carregando um corpo. "Isso é um esculacho, moradores terem que descer com o menino morto (...) A Bope nem levar pode levar", diz uma mulher na gravação.

A Delegacia de Homicídios ouviu os policiais militares envolvidos na operação e agora escuta testemunhas e familiares. A unidade também aguarda o resultado dos laudos periciais.

A Defensoria Pública do Estado informou que irá ao morro do Fallet nesta terça-feira (12) para investigar as denúncias dos moradores. No fim de semana, a Anistia Internacional divulgou uma nota cobrando a apuração imediata do caso.

A operação desta sexta teve o maior número de vítimas nos últimos 12 anos, desde ação no Complexo do Alemão que deixou 19 mortos em 2007.

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