O jovem Arnaldo decidiu cursar farmácia em Araraquara, a 60 km de onde nascera, em Taquaritinga, também no interior paulista. Mas passou longe de manipular remédios —foi ser repórter no pequeno jornal local e vivia pelas ruas à procura de notícias. Herdara o gosto do pai, que foi jornalista na capital antes de se tornar dono de uma livraria.
Da faculdade, levou a também farmacêutica Zoé Benfatti Pastore. Ela regia o coral da instituição quando o calouro desafinado se apaixonou —os dois viveriam casados por seis décadas.
De volta à cidade natal, Arnaldo fez especialização em física e passou no concurso público para lecionar, quando o exame exigia até teste oral. Junto à sala de aula, ele assumiu a chefia da Redação do Nosso Jornal, semanário de Taquaritinga —também pesquisava as origens do município. "Meu marido não tinha medo de nada", diz Zoé.
Do trabalho de historiador, ganhou o apelido de enciclopédia ambulante. Contava suas descobertas e curiosas efemérides em boletins diários na Rádio Clube Imperial.
Ao jornalista foi incumbida a missão de promover o primeiro desfile de aniversário da cidade, em 1956 --evento que perdura até hoje. Também recebeu vários títulos da maçonaria e era responsável por rodar o país socializando o conhecimento religioso, sempre ao lado de Zoé. E era ela quem ia a frente do volante --Arnaldo nunca quis aprender a dirigir, preferia ir a pé.
Apesar de ter ajudado a editar livros inúmeras vezes, nunca escreveu um próprio. Arnaldo morreu no dia 15 de fevereiro, por falência de múltiplos órgãos. Aos 89 anos, deixou Zoé e amigos.
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