Chovia tanto em Porto Alegre que não era possível de se ver um palmo a frente do rosto. Haroldo nunca teve medo de voar. Em 37 anos de carreira, o único momento em que o piloto passou aperto foi em um voo doméstico curto, logo no início da carreira, nos anos 1950. Como todos os outros voos, pousou com sucesso.
Antes de pilotar um avião, a vida já o tinha levado a rodar pelo Brasil. Natural de Codó, cidade pequena do Maranhão, foi para Bahia estudar o primário. Seguiu para o Rio de Janeiro para terminar o colegial e logo seguiu para São José dos Campos, em São Paulo.
Haroldo tinha uma ideia fixa: queria pilotar aviões. Depois de entrar na primeira turma do ITA (Instituto Tecnológico de Aeronáutica), desistiu da graduação em engenharia aeronáutica para entrar na Escola de Aviação da Varig. Em 1954, concluiu o primeiro curso de pilotos comerciais da companhia.
No ano anterior tinha se casado com Vera Maria, com quem teve a sorte de esbarrar em uma rua de Porto Alegre.
Mesmo sendo uma barreira, o vaivém não atrapalhou a relação com a família. Toda vez que chegava no aeroporto, lá estava a esposa com os cinco filhos para recebê-lo. "Sempre tinha presentinhos para todos", lembra a filha Silvia.
Fora do trabalho, era um excelente "professor pardal". Consertava tudo em casa e pintava carros. Também era um costureiro de primeira —arrumava bainha de calças e fazia remendos como ninguém.
Aos 60 anos, com 30 mil horas de voo —mais de 3 anos inteiros no ar— aposentou-se no dia do seu aniversário, em 7 de setembro de 1988. Teve o gosto de mostrar sua cabine para Pelé e Luciano do Valle, dois nomes que admirava.
Morreu no dia 8, aos 90 anos, devido a uma pneumonia bacteriana. Haroldo deixa a mulher, Vera Maria, cinco filhos, quatro netos e um bisneto.
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