Ação na cracolândia dispersa usuários pelo centro, e lojas fecham

Polícia bloqueia vias e usa bombas de efeito moral; Guarda Civil recomenda não circular pela região

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São Paulo

Uma ação de guardas municipais e policiais militares na região da Cracolândia, no centro de São Paulo, causou uma dispersão de usuários de droga pela região, na tarde desta terça-feira (30). Houve correria, depredação e disparo de bombas de efeito moral. 

Temendo invasões, estabelecimentos comerciais baixaram as portas mais cedo do que o costume. Usuários chegaram a entrar em uma loja da rede de supermercados Dia, levando itens como carrinhos de compras e escadas. Segundo vizinhos, a loja estava sendo desmontada e já não tinha produtos nas prateleiras. 

GCMs cercam o fluxo na Cracolândia, em frente à estação Júlio Prestes, no centro de SP
GCMs cercam o fluxo na Cracolândia, em frente à estação Júlio Prestes, no centro de SP - Fabrício Lobel/Folhapress


Segundo moradores locais, os confrontos ocorreram desde cerca de 12h30. A polícia usou bombas de efeito moral para tentar dispersar os usuários.

No início da tarde, um caminhão da concessionária Enel (que substituiu a Eletropaulo) foi depredado na rua Helvétia. O veículo estava atuando no reforço da rede elétrica da região que recebeu 914 apartamentos nos últimos anos, fruto de uma parceria público-privada que pretende revitalizar a região.

A GCM diz ter sido alvo de disparos de arma de fogo e chamou equipes táticas da Polícia Militar. 

Os confrontos se prolongaram pela tarde, quando houve mais disparos de bombas de efeito moral e mais correria. Alguns usuários de droga chegaram a chutar carros que passavam pela avenida Duque de Caxias. Motoristas passavam acelerando seus veículos para intimidar os que estavam sobre a pista. 

A Polícia Militar teve que bloquear vários acessos à região, incluindo um quarteirão inteiro da avenida Rio Branco, ao lado do terminal Princesa Isabel. Ônibus de diversas linhas não conseguiram iniciar ou terminar suas viagens. Os bloqueios causaram trânsito às ruas dos Campos Elíseos e da Santa Ifigênia. 

A Guarda Civil Metropolitana também recomendava aos pedestres da região que contornassem a área do conflito. O confronto se estendeu pelo horário de saída das crianças das escolas da região. “Eu tenho medo de levar bomba e nem saber o porquê”, disse Bruno Rodrigues, que buscava o filho de 3 anos da escola enquanto viaturas corriam pelas ruas do centro.

Uma moradora da região diz que PMs entraram no bar que fica dentro de sua casa e reviraram os utensílios. “Eles não têm mandado, não têm nada. Para eles, todos nós que moramos aqui somos lixo”, diz ela que vende salgados e macarrão perto do fluxo de consumo de drogas.

Usuários de droga dizem terem ter sido cercados por guardas civis e policiais militares enquanto fugiam das bombas.

Segundo a GCM, dois homens foram presos à tarde, após disparos feitos contra a guarda. Um deles estaria carregando um revólver calibre 32. Foram encaminhados ao Denarc (Departamento Estadual de Prevenção e Repressão ao Narcotráfico). 

Em nota, a Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo não comentou o que motivou a operação e se houve algum detido ou a apreensão de drogas ou armas. Diz apenas que foi acionada para apoiar uma operação da GCM. "Um grupo de dependentes químicos resistiu à limpeza, depredou carros e furtou cabos e outros itens de uma empresa de energia que estava no local. Para restauração da ordem pública, foi necessária a intervenção direta para desobstrução da via pública com técnicas de controle de distúrbios civis no local", afirma a pasta, responsável pela Polícia Militar.

Ainda segundo a secretaria, três pessoas foram presas durante a ação e uma arma calibre 32 foi aprendida.

No início da noite, usuários de droga voltaram a consumir crack na alameda Cleveland, tradicional ponto de consumo da droga na região.

Comerciantes fecham as portas mais cedo do que o habitual na avenida Duque de Caxias, no centro da capital paulista
Comerciantes fecham as portas mais cedo do que o habitual na avenida Duque de Caxias, no centro da capital paulista - Fabrício Lobel/Folhapress
 
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