Descrição de chapéu Rio de Janeiro

Governador Witzel é alvo principal de ato contra a violência policial no Rio

Manifestantes se reuniram em Ipanema para ouvir relatos de mães que tiveram seus filhos mortos por agentes de segurança

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Rio de Janeiro

Lágrimas e críticas ao governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC), marcaram, neste domingo (26), o ato Parem de Nos Matar!, contra violência policial nas favelas e periferia fluminenses.  

Reunidos no Posto 8, em Ipanema, moradores de favelas e do asfalto ouviram o relato de mães que tiveram seus filhos mortos por agentes de segurança. Também presente, a Marinete Silva, mãe da vereadora Marielle Franco, duvidou da tese de que ódio tenha motivado o assassinato de sua filha em março de 2018.

Lembrando que os suspeitos da morte de Marielle tinham estrutura financeira, Marinete disse que continuará perguntando quem matou sua filha. "Quando não tiver ninguém, eu vou para rua para saber quem mandou e quem matou minha filha daquela maneira. Um ódio qualquer [não teria motivado] aqueles homens a fazer aquilo”.

Marinete criticou o governador Wilson Witzel (PSC) e o presidente Jair Bolsonaro (PSL). "Tanto no lado do governo federal como no lado do governo do Estado que está aqui, vamos viver isso por conta dos irresponsáveis que colocaram esses homens no poder”, discursou ela, após citar o assassinato de negros nas favelas.

Marinete recordou ainda a cena em que, antes de eleito, Witzel posou para fotos ao lado da placa que trazia o nome de Marielle quebrada.

Mãe de Marcus Vinicius, morto aos 14 anos usando uniforme escolar, Bruna da Silva exibia a camiseta do filho como “um manto”. “Meu filho foi assassinado pela Polícia Civil a caminho da escola, carregando uniforme e material escolar”, relatou.

Mãe do cabo do Exército Nicholas Oswaldo de Paula Sá, morto aos 21 anos com um tiro na cabeça, Rosângela Maria de Paula chora ao lembrar do filho. O técnico de enfermagem deixava a casa da namorada, no dia 11 de setembro de 2016, quando foi assassinado. "Já perdi minha voz", lamenta.

Com um adesivo do movimento sobre uma blusa cinza, a atriz Patricia Pillar assistiu ao protesto, filmou apresentações e tirou fotos ao lado de Marinete.

Ela justificou sua presença como um gesto de “repúdio à maneira que está sendo tratada a questão da segurança no Rio”. "Minha presença aqui é pedindo um outro enfoque, enfoque, sim, em formação e em inteligência e não nesse tipo de ação nas favelas, que é de uma covardia sem limite”.

A atriz chamou a postura do governador de “lamentável e criminosa". "Legitima qualquer ato violento. Nem só por parte da polícia”.

Sobre a convocação de um ato em apoio ao governo Jair Bolsonaro, que ocorria a três quilômetros dali, a atriz comentou: “Nunca vi um ato em pleno governo. Não sei o que estão querendo”.

Embora centrado no depoimento e apresentações de moradores da favela, o ato também foi palco de manifestações políticas, como gritos de Fora, Bolsonaro e Lula Livre. 

Parlamentares, como as deputadas federais Jandira Feghali (PCdoB) e Benedita da Silva (PT), além da estadual Renata Souza (PSOL), participaram do protesto.

Para surpresa dos participantes, o ex-senador Eduardo Suplicy apareceu vestindo apenas uma sunga vermelha. 

O ato foi idealizado no dia 22 de abril, após o gari comunitário William Mendonça dos Santos, conhecido como Nera, ser morto, com dois tiros, pela Polícia Militar na favela do Vidigal, Zona Sul. 

Segundo balanço do  ISP (Instituto de Segurança pública), no primeiro trimestre de 2019, o estado do Rio registrou 434 homicídios em decorrência de ações policiais. Esse é o maior índice desde de 2003, quando o  ISP assumiu a tarefa de mapear as estatísticas oficiais.

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