Flávio era filho de um industrial em Nova Hamburgo, no Rio Grande do Sul. Por isso, o pai o obrigou a fazer um curso de contabilidade, para dar continuidade aos negócios da família. Flávio fez o curso, mas, não estava interessado em passar a vida fazendo cálculos.
Acontece que a formatura daquela turma foi comemorada com uma viagem a Buenos Aires. Lá, Flávio viu Eva Perón com um vestido rodado, com muito tecido e um chapéu longo. O jovem nunca havia visto uma roupa como aquela. Descobriu que aquilo era obra de um estilista francês, Christian Dior. “É o que quero fazer na vida”, sentenciou.
Estudou o tema e logo nasceram seus primeiros modelos. No fim dos anos 40, Flávio ouvia várias provocações por ser um homem e desenhar vestidos. O jovem queria paz para trabalhar e, para isso, adotou o pseudônimo Rui (que não poderia ser transmutado para uma versão feminina). Com ele, passou a escrever em colunas sobre moda em jornais.
Estudou artes em Porto Alegre e moda em Paris. De volta ao Brasil, abriu seu ateliê em Porto Alegre, onde se apaixonou pela secretária Doris.
O casal trabalhou intensamente para impulsionar o nome de Rui Spohr na alta-costura gaúcha. Conseguiram. Em 2017, ele na Academia Brasileira de Moda.
Certa vez, em 1993, na Folha, leu a entrevista do escritor nigeriano Ben Okri. Uma frase chamou sua atenção. Achou que ela também o definia: “Não estou lutando pelo sucesso, estou lutando apenas para tirar mais beleza de mim mesmo e compartilhá-la com mais pessoas.”
Rui morreu de broncopneumonia no dia 30 de abril, aos 89 anos. Ele deixa a esposa, Doris, uma filha, um genro, uma neta e uma irmã.
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