Temporal deixa centenas de desalojados no litoral de SP

Peruíbe decretou estado de emergência; duas mulheres grávidas ficaram ilhadas

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Santos (SP)

As fortes chuvas que atingem desde sexta-feira (17) o litoral de São Paulo deixaram mais de 420 pessoas desalojadas e cem desabrigadas em Peruíbe (a 141 km da capital) no fim de semana.

A prefeitura da cidade informou que este foi o maior volume registrado na história para o mesmo período e anunciou estado de emergência. Não há mortos.

Cerca de 200 pessoas ficaram ilhadas e precisaram da ajuda de moradores locais com embarcações e do Corpo de Bombeiros para deixarem as suas casas por conta das enchentes causadas pelo temporal. Ainda há registros de resgates.

Quatro pessoas vestidas com uniforme dos Bombeiros, em vermelho, arrastam um bote com duas vítimas
Bombeiros resgatam moradores que ficaram ilhados em Peruíbe, no litoral de SP - Divulgação Corpo de Bombeiros/6ºGB

“Ainda temos encontrado algumas pessoas ilhadas. Estamos tentando, no momento, também melhorar o acesso aos bairros. Resgatamos há pouco duas gestantes, elas estão sendo levadas ao hospital para medirem pressão e passarem por alguns exames”, disse a tenente do Corpo de Bombeiros Karoline Burunsizian Magalhães.

Este é o maior registro de chuvas em Peruíbe para um mês de maio desde 1963. De acordo com dados do Departamento de Águas e Energia Elétrica, a média anual é de aproximadamente 126 mm. Após as chuvas, o índice atingiu 180 mm. Em três dias, foram mais de 1.000 mm que atingiram os bairros da cidade. 

Os bairros Guaraú, Jardim das Flores, Jardim Brasil, Jardim Veneza e Caraguava foram os mais afetados.

“A água chegou a atingir 70 cm em minha casa, mas teve gente com mais de um metro de água dentro de casa, que perdeu tudo. Presenciei muitos chorando porque há um mês, mais ou menos, tivemos uma enchente aqui no bairro. Só esse ano, foram sete, mas nada parecida com essa”, relatou o caminhoneiro Ellis Dias da Silva, 44, que mora no bairro Caraguava.

A prefeitura informou que pleiteou recursos para reparar os estragos causados por deslizamento de terra e de pedras, principalmente, na estrada do Guaraú, interditada por segurança, e para acolher aqueles que ficaram desalojados e desabrigados em consequência dos alagamentos.

Duas escolas municipais estão funcionando como abrigo aos desalojados e estão recebendo doações de alimentos, cobertores e colchões. 

No Guaraú, três pedras de grande porte, uma delas pesando cerca de 15 toneladas, se desprenderam de um morro e destruíram postes da rede de distribuição elétrica. Além disso, eles impedem a passagem pela Estrada do Guaraú. Ainda não há qualquer previsão para a liberação da pista.

O problema faz com que moradores que permaneceram no bairro fiquem isolados do centro da cidade, a 7 km de distância.

“Estamos totalmente isolados. Temos aqui na comunidade pessoas diabéticas, hipertensas e com necessidades neurológicas especiais que precisam urgentemente de medicamentos. Não sabemos o que fazer”, contou Silvia Cristina Rodrigues, 41, dona de uma pousada na comunidade de Barra do Una, pequeno vilarejo na zona rural de Peruíbe.

O bairro mais próximo do Una é, justamente, o Guaraú. São 23 km de distância e, com isso, a dificuldade nos últimos dias.

“Vivemos da pesca e do turismo, mas como faremos? Se pescarmos, não temos a quem servir e nem para onde levar. Nos preocupa muito essa situação porque estamos ficando sem alternativas”, explicou Rodrigues.

Em um trecho da rodovia Padre Manoel da Nóbrega deslizamentos de terra trouxeram dificuldades ao trânsito. Na altura do km 361, em Itariri, município próximo, uma grande rachadura no asfalto provocou a interdição de uma das faixas da pista.

LITORAL NORTE

As fortes chuvas também causaram problemas em cidades como Ubatuba, Caraguatatuba, São Sebastião e Ilhabela, no litoral norte do estado.

De acordo com o Corpo de Bombeiros foram mais de 70 pessoas resgatadas nos últimos dias. Três carros ficaram soterrados por deslizamentos.

As chuvas provocaram a interdição da Rodovia Perimetral Sul (SP-131), em Ilhabela, devido a um grande deslizamento de terra próximo ao bairro do Piúva, que provocou o desmoronamento de uma casa desabitada. Ainda não há previsão para a liberação da pista.

Por enquanto, a prefeitura local disponibilizou quatro lanchas para auxiliar os moradores que necessitam ir para a região central do município ou acessar bairros mais próximos. As embarcações ficam de plantão para atender os casos de emergência.

As aulas em sete escolas foram suspensas, uma delas foi aberta para apoio e abrigo. Ilhabela tem 21 pessoas desalojadas pelas chuvas.

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