Falha em barragem faz 350 famílias serem retiradas de casa na Bahia

Autoridades divergem sobre incidente; governo local diz que houve transbordamento, enquanto Ministério do Desenvolvimento Regional fala em rompimento

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Salvador

Uma falha na barragem do Quati, em Pedro Alexandre (a 435 km de Salvador), nesta quinta-feira (11) fez com que casas fossem inundadas, estradas bloqueadas e 350 famílias fossem retiradas de suas casas. 

O episódio aconteceu após fortes chuvas terem atingido a cidade, que fica na divisa entre Bahia e Sergipe. Os alagamentos atingiram principalmente a cidade de Coronel João Sá, que fica numa região abaixo da barragem. 

Responsável pela fiscalização da barragem, que fica em um rio estadual, o governo da Bahia informou que um transbordamento da água, causando enxurradas e alagamentos.

Horas antes, contudo, o próprio governo, por meio do seu diretor de Defesa Civil, informou que uma parte da barragem havia rompido.

“Ela começou um processo de rompimento no sangradouro, como se tivesse aberto uma brecha, mas ainda não rompeu completamente. De qualquer forma, já tem muita água saindo dela”, afirmou Paulo Sergio Menezes Luz, diretor da Defesa Civil estadual.

O Ministério do Desenvolvimento Regional, em nota encaminhada à imprensa, também fala em rompimento do equipamento.

Em Coronel João Sá, cerca de 40% da área urbana da cidade, que tem 17 mil habitantes, está submersa. Até o momento, não há registro de feridos e vítimas.

“Muito difícil a situação, estamos no meio de um caos. No centro da cidade, a água está batendo nossa barriga”, afirma Diego Santos, chefe da Defesa Civil de Coronel João Sá.

Em um vídeo publicado nas redes sociais, o prefeito de Coronel João Sá Carlos Sobral pediu que os moradores deixassem suas casas.

 “É uma situação atípica, nunca aconteceu isso com essa barragem e nós não sabemos das consequências. Eu peço encarecidamente a todas as pessoas que morem nas áreas de risco que saiam de suas casas”, afirmou.

Em Pedro Alexandre, foram atingidas apenas três casas que ficam nas proximidades da barragem. As famílias já foram retiradas do local. Os dois acessos viários para a barragem foram tomados pela água.

A barragem foi construída pelo governo da Bahia em 2000 e era mantida pela Associação de Moradores da Comunidade de Quati. Sua fiscalização era de responsabilidade do Inema, órgão ambiental do Estado.

O governador da Bahia Rui Costa (PT) manifestou solidariedade aos moradores e informou que irá visitar as cidades de Coronel João Sá e Pedro Alexandre nesta sexta-feira (12).

Agentes do Corpo de Bombeiros, técnicos da Defesa Civil e do Inema foram mandados ao local. Também que serão enviados mantimentos e água mineral para os desabrigados, que estão em cinco escolas de Coronel João Sá.

Em nota, o ministério do Desenvolvimento Regional informou que acompanha a situação e vai designar técnicos para monitorar os trabalhos e auxiliar equipes locais. 

O presidente Jair Bolsonaro afirmou que a Defesa Civil já está tomando providências e que o Palácio do Planalto está à disposição dos municípios atingidos caso precisem de ajuda federal.

"Nossos órgãos da Defesa Civil estão informados e tomando providência. Uma já foi atingida, outra na iminência", disse. "O governo está à disposição das prefeituras locais para qualquer providência que porventura julguem necessária. Não tive informação de pedido de ajuda ainda."

ROMPIMENTOS

No início deste ano, em janeiro, o rompimento de uma barragem da mineradora Vale, em Brumadinho, deixou mortos e causou destruição no município de Minas Gerais. 

Nesta semana, a Justiça Estadual de Minas Gerais condenou a mineradora a reparar prejuízos causados pelo rompimento.

desastre, considerado um dos mais trágicos da história da mineração brasileira, deixou 247 mortos e 23 desaparecidos, num total de 270 vítimas. Esta é a primeira condenação da mineradora relacionada a esta tragédia.

A decisão foi proferida na terça-feira (9) pelo juiz Elton Pupo Nogueira , da 6ª Vara da Fazenda Pública e Autarquias.  Na decisão, o magistrado condenou a Vale a reparar os prejuízos provocados pela tragédia.

Colaborou Gustavo Uribe, de Brasília

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