Megaoperação identifica e prende ao menos 90 membros de facções criminosas no país

Ação integrada dos Ministérios Públicos deteve suspeitos em estados do Norte, Nordeste, Sudeste e Centro-Oeste

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Rio de Janeiro

Ministérios Públicos de várias regiões do país fizeram uma operação integrada nesta quinta-feira (15) para prender preventivamente 115 integrantes de organizações criminosas e cumprir mandados de busca e apreensão em 190 endereços, incluindo de policiais militares no Rio de Janeiro.

Foram realizadas ações simultâneas em nove estados: Acre, Alagoas, Amapá, Amazonas, Bahia, Ceará, Mato Grosso do Sul e Pernambuco, além do Rio. Até o início da tarde, mais de 90 mandados de prisão haviam sido cumpridos —a maioria no Norte e Nordeste—, incluindo os de pessoas que já estavam presas por outros crimes.

As operações foram coordenadas pelo Grupo Nacional de Combate às Organizações Criminosas (GNCOC), um colegiado que reúne os núcleos de combate a organizações criminosas de todos os Ministérios Públicos estaduais. Também tiveram o apoio da Polícia Federal e de outros órgãos.

“O enfrentamento foi feito naquelas [facções criminosas] que tinham algum tipo de interação. Não adianta desarticular um grupo em um local mantendo a célula em outro”, disse o presidente do grupo, o promotor Alfredo Gaspar de Mendonça Neto, que acompanhou as ações de uma sala no Rio de Janeiro.

Policiais participam de operação contra o crime organizado na Bahia nesta quinta-feira (15)
Policiais participam de operação contra o crime organizado na Bahia nesta quinta-feira (15) - Emanuel Bulos/Agência Rodtag/MPBA/Divulgação

“O crime infelizmente se nacionalizou”, afirmou, ressaltando que o foco tem sido as finanças desses grupos. “Com a guerra recente no Sul do país, na fronteira com Paraguai, as facções se fortaleceram demais no Norte e Nordeste, mas deixaram fortes tentáculos e o coração financeiro em toda essa região do centro-sul.”

POLICIAIS SUSPEITOS SOLTOS

No Rio de Janeiro houve três operações referentes a três denúncias diferentes. Uma teve como alvo nove policiais militares, outra sete traficantes da facção Terceiro Comando Puro e a terceira, seis “laranjas” suspeitos de lavar mais de R$ 1 milhão para o Comando Vermelho, segundo a acusação.

Os mandados de busca e apreensão miravam, no total, 42 endereços de policiais, entre residências e armários. O esquema de corrupção envolvendo agentes públicos foi descoberto durante uma apuração de quase dois anos sobre líderes do tráfico de drogas na comunidade da Serrinha, em Madureira (zona norte carioca).

Através de interceptações telefônicas, percebeu-se que um grupo do batalhão local (Rocha Miranda) recebia propinas para não combater os criminosos e passar informações. Um caderno apreendido aponta recebimentos semanais de R$ 2.000 a R$ 5.000. 

Um dos denunciados, Flávio Fagundes Padiglione, vai responder também por associação para o tráfico. Ele seria uma espécie de mediador entre o batalhão e a facção, resolvendo problemas, negociando a venda de informações e comercializando armas e drogas. Os nove policiais acusados —entre eles sete oficiais—, no entanto, não foram presos.

A Justiça entendeu que o afastamento deles da corporação já era suficiente para impedir que cometessem novos crimes. Eles continuarão recebendo salários enquanto aguardam os processos legal e administrativo (que pode resultar em expulsão). "Bons e maus profissionais existem em todas as profissões, e na Polícia Militar também. Não vamos permitir que eles apaguem o brilho dos outros 45 mil homens da corporação", declarou o porta-voz da PM, coronel Mauro Fliess, sobre as acusações.

A Corregedoria da PM participou da operação. Dos outros 13 traficantes e "laranjas" denunciados, apenas dois foram presos até o início da tarde, em Três Rios (RJ) e Petrolina (PE) —outros dois já estavam em presídios por outros crimes e tiveram seus mandados de prisão cumpridos. Nove continuam foragidos.

OUTROS ESTADOS

Nos outros estados, as operações miraram principalmente integrantes do PCC (Primeiro Comando da Capital) e de organizações aliadas. No Acre, por exemplo, foi realizada uma revista em pavilhões da penitenciária Francisco de Oliveira Conde, em Rio Branco.

Paralelamente, foram denunciadas 69 pessoas do Comando Vermelho. Em Alagoas, eram 42 mandados de prisão e 37 de busca e apreensão contra membros da facção originalmente paulista, todos no litoral norte do estado.

No Ceará, 35 de prisão e 29 de busca e apreensão. E no Mato Grosso do Sul, 15 de prisão. Na Bahia, o alvo foi uma organização ligada ao PCC "responsável por diversos homicídios no estado", segundo o Ministério Público baiano.

Eram 19 mandados de prisão e 25 de prisão e apreensão, em seis cidades (Senhor do Bonfim, Jacobina, Juazeiro, Capim Grosso, Serrolândia e Lauro de Freitas). No Amazonas, o foco eram líderes da facção que é considerada a terceira maior do país, a Família do Norte, com três mandados de prisão e sete de busca e apreensão. Já no Amapá, o alvo foi a Família Terror do Amapá, com buscas em três municípios (Macapá, Santana e Porto Grande).

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