Expectativa de vida do brasileiro atinge 76,3 anos, aponta IBGE

Índice registrado em 2018 subiu mais de 3 meses em relação ao do ano anterior

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São Paulo e Rio de Janeiro

Novos dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que a expectativa de vida ao nascer no Brasil cresceu três meses e quatro dias em 2018, chegando a 76,3 anos. As discrepâncias no país, porém, persistem.

O aumento foi maior entre os homens, cuja expectativa de vida cresceu três meses e uma semana, para 72,8 anos. Entre as mulheres, o aumento foi de exatos três meses. Elas, no entanto, têm expectativa sete anos mais alta ao nascer, de 79,9 anos —79 anos, 10 meses e 24 dias.

Marcio Minamiguchi, pesquisador do IBGE, credita esse ganho em tempo de vida da sociedade brasileira à diminuição da taxa de mortalidade ocasionada por avanços médicos e sanitários.

Na análise por região do país, a maior expectativa de vida ao nascer foi registrada no estado de Santa Catarina, com 79,7 anos, similar à da Costa Rica e superior à dos EUA (78,5, segundo dados da Organização Mundial da Saúde). As mulheres nascidas no estado podem esperar viver 83 anos, enquanto os homens, 76,4.

Apesar de a mortalidade masculina superar a feminina em todo o país, um homem nascido em Santa Catarina tem expectativa de viver mais do que mulheres nascidas em Roraima (74,8 anos), Maranhão (75,1 anos), Rondônia (75,3 anos), Piauí (75,8 anos) e Amazonas (76 anos).

Dos 27 estados do Brasil, 8, além de Santa Catarina, têm expectativa de vida ao nascer acima dos 80 anos para as mulheres: os sete das regiões Sul e Sudeste, mais o Distrito Federal e o Rio Grande do Norte. 
Espírito Santo (78,8), São Paulo (78,6), Distrito Federal (78,6) e Rio Grande do Sul (78,3) foram as unidades da federação com registros acima dos 78 anos de expectativa de vida para ambos os sexos. 

Na outra ponta, o Maranhão tem a expectativa de vida mais baixa ao nascer, 71,1 anos, equivalente à do Cazaquistão. Segundo o IBGE, uma criança nascida no estado em 2018 esperaria viver, em média, 8,6 anos menos que outra natural de Santa Catarina.

O Piauí registra o segundo pior índice, 71,4 anos. O estado, ao lado de Alagoas, Piauí e Maranhão, tinha em 2018 uma expectativa de vida ao nascer de 67 anos para os homens, 5,8 anos a menos que a média nacional.

A melhora da expectativa de vida decorre também do fato de o país ter reduzido a mortalidade infantil. Segundo o IBGE, houve de 12,4 registros de mortes de crianças de até 1 ano em 2018 para cada mil nascidos vivos. Novamente, o número é maior para o sexo masculino: 13,3 mortes por mil, enquanto entre as meninas é de 11,4 por 1.000.

A discrepância em diferentes estados do país neste caso é grande. Enquanto no Amapá 22,8 de cada mil recém-nascidos não completam um ano de vida, no Espírito Santo esse número é de 8,1 por mil. 

Apesar de estar à frente dos demais estados brasileiros, o Espírito Santo está distante de países mais desenvolvidos. Japão e Finlândia, por exemplo, possuem taxas de mortalidade infantil abaixo de 2 para cada mil nascidos vivos.

Os estados do Sul e do Sudeste e o Distrito Federal têm mortalidade infantil menor que a média nacional, assim como Pernambuco (11,7 por mil).

Estão abaixo de 10 mortes por mil nascidos vivos, além do Espírito Santo, Paraná e Santa Catarina (8,6 por mil), Rio Grande do Sul (9,1 por mil) e São Paulo (9,3 por mil). Minas registra taxa de 10 mortes por mil nascidos vivos e Rio de Janeiro, de 10,8 por mil.

Além do Amapá, registraram os piores índices Maranhão (19,4 por mil), Rondônia (19,2 por mil), Piauí (18 por mil), Alagoas (17,3 por mil) e Amazonas (17,2 por mil).

Caiu também a mortalidade das crianças menores de cinco anos. Em 2017, para cada 1.000 nascidos vivos, 14,9 não completavam o quinto aniversário. No ano seguinte, essa taxa foi a 14,4 por mil, ou uma queda de 3,4%.

As mortes nesse grupo se concentram no primeiro ano de vida da criança: 85,5% das mortes até o quinto aniversário ocorriam no primeiro ano.

Os primeiros dados da Tábua Completa de Mortalidade 2018 foram antecipados em publicação no Diário Oficial da União que circulou nesta quinta (28).

Os dados da tábua mostram as diferentes projeções diferentes de expectativa de vida em relação aos anos já vividos. Um exemplo: quem tinha 18 anos em 2018 deve viver mais 59,8 anos (totalizando 77,8 anos), patamar bem maior do que os 76,3 anos. Pessoas que atingiram os 60 anos no ano passado têm a expectativa média de viver até os 82,6 anos.

A expectativa de vida ao nascer do brasileiro vem aumentando década a década. Em 1940, era de 45,5 anos. 

"A queda dos níveis de mortalidade é uma tendência que vem de longa data, desde a década de 1940 a gente observa essa queda constante. Não é mais tão intensa quanto já foi, mais ainda continua e isso influencia muito a nossa forma de pensar e planejar o futuro. As demandas da sociedade mudam", disse o pesquisador Marcio Minamiguchi.

Segundo a projeção do próprio IBGE para 2018, com base nos dados do Censo de 2010, até o ano passado, 0,12% da população brasileira era formada por homens com 90 anos ou mais, e 0,24%, por nonagenárias e centenárias.

A tábua de mortalidade é proveniente de uma projeção feita com base na tábua de mortalidade de 2010, quando foram incorporados dados populacionais do Censo Demográfico 2010, estimativas da mortalidade infantil com base no mesmo levantamento censitário e informações sobre notificações e registros oficiais de óbitos por sexo e idade.

O próximo Censo no Brasil, com entrevistas em domicílio, deve ser feito no ano que vem, quando novos dados demográficos serão aferidos com mais precisão. Estima-se a atual população brasileira em 210 milhões.

Erramos: o texto foi alterado

Versão anterior do texto citava dados de mortalidade infantil de vários estados em porcentagem, quando o correto é por 1.000 nascidos vivos. Os dados foram corrigidos.

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