Internado, Covas intensificou agenda e se encontrou com políticos

Prefeito, que reage bem a tratamento, manteve articulações pela reeleição e anúncios de novidades da prefeitura

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São Paulo

O prefeito Bruno Covas (PSDB), enquanto se tratava de um câncer no hospital Sírio-Libanês, intensificou o número de compromissos e turbinou encontros com políticos.

Covas está internado desde o dia 23 de outubro, quando se tratava de uma infecção de pele. No dia 28, ele recebeu diagnóstico de câncer localizado entre o estômago e o esôfago, com metástase no fígado. A expectativa é que ele receba alta hoje à tarde, depois de 23 dias internado. 

A reportagem analisou os últimos dez dias de internação do prefeito e o mesmo período antes da internação. 

Embora tenha diminuído o número de horas entre o primeiro compromisso do dia e o último —passou de de 8,4 horas por dia para cerca de 6,4 horas —o tucano aumentou o número de itens de sua agenda.

Ele teve, em média, 8,8 compromissos por dia, contra 7,5 nos dez dias antes da internação —índice que também se deve em parte pelo fato de que, internado, Covas não participa de eventos externos e não gasta tempo se deslocando. 

O tucano, que já faz articulações pela sua reeleição, aumentou a presença de políticos de relevo na agenda, o que incluiu nomes que podem fazer diferença na corrida eleitoral.

Recebeu visitas de figuras que podem ser concorrentes ou aliados durante a busca por mais quatro anos na prefeira, como Celso Russomanno (PRB) e Márcio França (PSB). 

Desafeto do principal apoiador de Covas, o governador João Doria (PSDB), França visitou Covas na tarde desta terça, no hospital.

O ex-governador, que foi amigo do avô do prefeito, Mario Covas (PSDB), tem boa relação com o prefeito. No entanto, se resolver concorrer à prefeitura, com o recall obtido nas últimas eleições ao governo, pode roubar votos do tucano. 

Já com Russomanno, que desidratou após sair na frente nas últimas duas eleições municipais, ocorrem conversas para que ele possa ser vice na vaga de Covas. Outro nome cotado para a disputa municipal, Gabriel Chalita, também apareceu no hospital nesta terça.

Covas recebeu ainda visitas de tucanos históricos, como o ex-governador Geraldo Alckimin e o ex-senador Aloysio Nunes, além do próprio Doria. 

Aliados do prefeito dizem que ele faz política o tempo todo, mas que várias das visitas também foram de amigos e pessoas próximas dele que também são políticos.

Além disso, eles acreditam que, apesar dos flertes, Covas só tomará decisões importantes como a escolha do vice no meio do ano que vem. 

Do primeiro escalão do secretariado, o tucano mantém contato constante com os secretários Mauro Ricardo (Governo), Marco Antonio Sabino (Comunicação) e Orlando Faria (Casa Civil), entre outros. 

Quem convive com Covas diz que ele não aparenta nenhum efeito das duas sessões de quimioterapia pelas quais passou. A internação se alongou devido ao tratamento de uma embolia pulmonar e, depois, a um coágulo —que diminuiu nos últimos dias.

Durante o período no Sírio, demonstrou otimismo e mergulhou no trabalho. Ele passou poucos dias sem compromissos oficiais enquanto estava internado, antes de retomar os despachos com secretariado e outros compromissos. 

Mesmo com prognóstico de que não demoraria a receber alta, Covas ordenou manter o mesmo calendário de anúncios de medidas da prefeitura.

Entre as mais importantes e possíveis vitrines eleitorais, estão o edital de concessão do autódromo de Interlagos à iniciativa privada e o novo programa para compra de vagas avulsas em creches. 

Covas adotou o hábito de mandar um pronunciamento em vídeo para ser vinculado durante os eventos e entrevistas coletivas, material que também é reproduzido em suas redes sociais.

Durante o tempo em que ficou internado, ele teve aumento de seguidores na internet —no Instagram, rede que ele usa com mais frequência, foram mais de 10 mil do total de 84 mil.

O tucano também recebeu líderes religiosos, incluindo o arcebispo de São Paulo, cardeal Dom Odilo Scherer, rabinos, pastores e até um reverendo da Igreja Anglicana. 

Os religiosos costumam fazer orações e não raro citam histórias de superação de pessoas com doenças graves, como o prefeito.

O prefeito também tem recebido homenagens em eventos públicos. Recentemente, em uma reunião com tucanos, o governador puxou uma salva de palmas e pediu orações para Covas.

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