Uma das últimas imagens que o pintor, escultor, cenógrafo e músico José Crisólogo da Costa viu antes de fechar os olhos definitivamente foi a de Paul McCartney. José amava os Beatles. Acamado, ele esculpiu a última das muitas miniaturas que fez do popstar.
Natural de Picuí, interior da Paraíba, o multiartista mudou-se para a capital João Pessoa na adolescência. Cursou geografia, mas a arte conquistou o centro do seu mundo.
Autodidata, começou com desenho e migrou para a pintura, que o tornou famoso. Fez vários trabalhos em cenografia e ganhou a vida como músico, tocando contrabaixo em algumas bandas. José também era mestre no cavaquinho e no violão.
O filho, o cozinheiro Nohan Crisólogo Melo da Costa, 34, conta que seus quadros sempre remetiam ao sertão, especialmente à relação do homem com o boi.
Humilde e de costumes simples, José era introspectivo e não gostava de falar sobre sua vida. “Ele foi um exemplo de perseverança e representava o amor em atitudes”, diz. O pouco tempo que ficava longe das tintas e dos pincéis era dedicado à família e aos amigos.
A pintura lhe presenteou com o amor. O encontro com a esposa Luíza de Marillac Melo da Costa, 65, foi na faculdade. “Eu também pintava e pedi a ele que fosse até minha casa para ver os quadros. Como a afinidade entre nós era grande, nos apaixonamos”, relata Luíza.
A cumplicidade durou 38 anos. “José nos deixou a simplicidade”, completa ela.
José Crisólogo da Costa morreu dia de 16 de novembro, aos 69 anos, por metástase de um câncer iniciado na próstata. Deixa esposa, três filhos e um neto.
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