Descrição de chapéu Obituário Anadyr Pinto Adorno (1932 - 2019)

Mortes: Multiatleta espiritualizado, se apaixonou pela bailarina

Anadyr Pinto Adorno foi atleta, tenente do Exército e bateu ponto no consulado americano

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

São Paulo

Anadyr sonhava cursar engenharia, mas ele era mesmo um atleta. Fazia judô, levantava halteres, praticava tiro esportivo, esquiava, andava a cavalo, pescava. Foi ginasta e chegou a quase participar de uma Olimpíada.

Quando findava a aula no clube, ia assistir ao balé. Foi assim que conheceu a bailarina e pianista Carmen, com quem se casaria e teria três filhos. Elegante, pareciam artistas de cinema, e os dois foram eternos namorados, desses pegos aos beijos apaixonados.

O atleta e empresário Anadyr Adorno com a sua mulher, bailarina e pianista, Carmen Adorno
O atleta e empresário Anadyr Adorno com a sua mulher, bailarina e pianista, Carmen Adorno - Arquivo Pessoal

Nascido em Santo Antônio da Posse, no interior paulista, Anadyr foi ainda criança morar na capital com a família, imigrante italiana, onde seu pai abriria uma bem-sucedida loja de material de construção, que ele assumiu após cursar direito —a pedido do patriarca—, se tornar tenente do Exército e bater ponto no consulado americano.

Em casa, não era machão, mas, “até bem liberal para a época”, conta a filha primogênita, também Carmen.

Seu pai, diz, fazia questão de dividir as tarefas domésticas, principalmente às quintas, a fim de adiantar a periódica noite do cinema. Já aos domingos era dia de reunir a família no almoço que ia dos brasileiríssimos tutu e feijoada ao italiano nhoque.

Espiritualizado, repetia “tudo é ilusão, o que é bom vai passar e o que é ruim também”. Estudava óvnis e era espírita, ao contrário da mulher, muito católica. Mas isso não era motivo de discussão. A casa era a própria nações unidas das religiões.
 
Dos ensinamentos, as filhas evocam um: quando quiser falar algo, pense se é verdadeiro, necessário e compassivo. Caso contrário, melhor não falar. “Então a gente fica muito quieta”, diz Carmen, aos risos.

Há 18 anos, o casal perdeu o filho, vítima de enfarte. A tristeza foi a derrocada da mulher, que morreu anos depois. Aí ele próprio se viu com Alzheimer e Parkinson. Foi o vigor físico que deu conta até os 88 anos. 

Anadyr morreu dia 12 de novembro, por falência de múltiplos órgãos. Deixa duas filhas e cinco netos.

Erramos: o texto foi alterado

Anadyr Pinto Adorno nasceu em 1931 e não em 1932. O texto foi corrigido.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.