Descrição de chapéu Coronavírus

Doze capitais têm mais de 80% de leitos públicos de UTI ocupados

No Rio de Janeiro e no Recife, há fila de pacientes aguardando por vaga

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Salvador , Rio de Janeiro e Recife

Doze capitais brasileiras já possuem ocupação superior a 80% dos leitos de terapia intensiva para Covid-19 da rede estadual e enfrentam um cenário crítico no enfrentamento à pandemia do novo coronavírus.

No Rio de Janeiro e no Recife, há fila de pacientes aguardando por uma vaga. Em Natal e Rio Branco, a ocupação já é de 100% dos leitos públicos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) para Covid-19.

Cidades como Belém e Fortaleza têm nove em cada dez leitos de UTI ocupados. Em São Paulo, Salvador, São Luís, João Pessoa, Vitória e Manaus, pelo menos 80% dos leitos estão com pacientes.

Dentre os estados, o cenário é mais grave em pelo menos nove: Rio de Janeiro, Ceará, Pernambuco, Pará, Maranhão, Amazonas, Acre, Rio Grande do Norte e Espírito Santo, com ocupações entre 78% e 96%.

Enfrentando entraves como a falta de médicos, enfermeiros e equipamentos como ventiladores pulmonares, a maior parte dos estados perdeu fôlego na expansão dos leitos de terapia intensiva. Entre 11 e 18 de maio, foram abertos ao menos 876 novos leitos no sistema público de saúde.

No Recife, a prefeitura enfrenta dificuldades para ampliar a rede de atendimento. Apenas 40% dos 313 novos leitos de UTI destinados a pacientes com síndrome respiratória aguda grave estão em funcionamento.

Faltam profissionais de saúde, incluindo médicos, e equipamentos em 188 leitos que estão com estrutura física já pronta nos hospitais de campanha instalados pelo município.

Paciente recebe atendimento em UTI instalada em hospital de campanha em Guarulhos (SP) - Amanda Perobelli - 12.mai.20/Reuters

O Ceará tem 91% de ocupação de leitos de UTI, percentual que chega a 93% na capital. Mesmo com a gravidade dos números, o governador Camilo Santana (PT) afirmou nesta terça-feira (19) que o cenário começa a se estabilizar em Fortaleza.

“Nossos especialistas avaliam tendência de estabilidade no quadro da capital, neste momento. O que chega a ser um alento, embora com muita precaução”, afirmou Santana.

A preocupação agora é com o avanço da doença pelo interior, onde cidades como Sobral e Quixeramobim possuem alta ocupação. Nesta semana, o governo recebeu 200 novos respiradores e promete expandir a rede de atendimento de pacientes graves no interior.

No Maranhão, onde foi decretado bloqueio total na capital e em outras três cidades, a ocupação dos leitos de UTI segue em patamar crítico, avançando de 78% na semana passada para 86% nesta terça.

Na capital, São Luís, a proporção de leitos de UTI com pacientes de Covid-19 é ainda maior, com 88% dos 225 ocupados. Nos últimos dias, a capital teve um incremento de 42 leitos para auxiliar no combate à doença.

O Rio Grande do Norte também passou a fazer parte do grupo dos estados em situação mais complicada. Em Natal, 100% dos 22 leitos para pacientes graves estão ocupados há pelo menos uma semana.

A capital potiguar ainda tem 27 leitos de UCI (Unidade de Cuidado Intensivo) para pacientes com síndrome respiratória aguda grave, mas apenas um estava disponível nesta terça.

Em Rio Branco, no Acre, o a situação é semelhante. Todos os 27 leitos para pacientes graves estão ocupados. Os sete leitos de UTI no interior, na cidade de Cruzeiro do Sul, também estão cheios.

Na Bahia, que tem 65% dos leitos ocupados, Salvador já tem pacientes em 85% dos leitos públicos de UTI.

"Nós nos aproximamos da saturação do sistema de saúde”, afirmou o prefeito ACM Neto (DEM). A prefeitura estima que Salvador deve atingir o colapso nesta quinta-feira (21), com ocupação total dos leitos públicos de UTI.

O estado de São Paulo chegou a 5.147 mortes por Covid-19 nesta terça, o que levou o coordenador do Centro de Contingência do Coronavírus e diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas, a afirmar que o estado está perdendo a batalha contra o vírus.

Nesta segunda-feira (18), 3.900 pacientes com suspeita ou confirmação de Covid-19 estavam internados em leitos de terapia intensiva. A taxa de ocupação de leitos de UTI era de 69,8% no estado e de 89,3% na Grande São Paulo.

O secretário estadual da Saúde, José Henrique Germann, disse que o estado aguarda a habilitação de 1.800 leitos de UTI pelo Ministério da Saúde. Boa parte deles será aberta no interior, onde é observada uma aceleração da doença.

O Rio de Janeiro, que chegou à beira de um colapso no início do mês e depois teve um alívio com a inauguração de três hospitais de campanha, voltou a um patamar preocupante: 90% dos 583 leitos em unidades de terapia intensiva estaduais estavam ocupados nesta terça (19).

Na capital, porém, a situação melhorou. O índice passou de 97% duas semanas atrás para 83% nesta segunda em toda a rede SUS da cidade (municipal, estadual e federal). A fila por vagas no estado continua alta, com 335 pessoas aguardando por uma transferência para UTIs públicas.

Muitos leitos intensivos prometidos em hospitais de campanha ainda não ficaram prontos. Até agora, o prefeito Marcelo Crivella (Republicanos) abriu apenas 30 de 100 vagas anunciadas e o governador Wilson Witzel (PSC), 180 de 990 —falta inaugurar seis unidades estaduais que estão atrasadas.

Dentre os estados do Norte, além do Acre, a situação segue crítica no Amazonas e no Pará. Neste último, embora tenha havido um incremento de 113 novos leitos públicos na última semana, a taxa de ocupação segue crescendo, passando de 77% para 84%. Na capital, Belém, a ocupação chega a 95%.

Rio Grande do Sul, Alagoas, Sergipe, Minas Gerais, Santa Catarina e Goiás registram uma ocupação de leitos acima de 60%. Os dois últimos, contudo, registraram forte crescimento da demanda por leitos na última semana.

No Distrito Federal, a situação é mais tranquila, com ocupação de 38% UTIs públicas exclusivas para os pacientes do novo coronavírus.

Com 4.618 casos e 66 mortes, o Distrito Federal abriu 80 novos de leitos de UTI exclusivos para a Covid-19. A melhora na estrutura se dá em meio a um aumento na velocidade de transmissão de vírus na capital federal, justo quando o governo planejou promover uma abertura maior de sua economia.

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