“Quando Tonhão desembarcou na Vila Madalena [zona oeste da capital paulista], no inverno de 1960, vindo direto de Ipirá, no sertão da Bahia, ninguém diria que o bairro um dia se transformaria em morada para estudantes da USP, depois artistas, então boêmios, e, por fim, que as casinhas dariam lugar a prédios de luxo e lojas”, conta o amigo, o jornalista Rodrigo Simon.
Como muitos nordestinos naquela época, chegou de pau de arara. “Ah, foram mais de vinte dias sacolejando na caçamba”, contava Tonhão.
A mistura de força e delicadeza foram registradas também pelo artista plástico Rubens Matuck. No livro “A Praça”, as aquarelas registram o plantio de mais de mil árvores na praça Rafael Sapienza ao longo de 30 anos. Lá estão Tonhão e suas “mãos de onça”.
“A freguesia conquistada ao longo dos anos poderia ter garantido a Tonhão um bom conforto, mas ele nunca abriu mão do seu estilo de vida. Costumava passar o dia todo em jejum para, no começo da noite, fazer uma bela refeição. Não gostava de cama ou televisão. Faria 79 anos no dia 13 de junho”, afirma Rodrigo.
No dia 27 de abril, Antonio Gomes de Oliveira, nome que só os amigos conheciam, ganhou uma pequena quantia na loteria. Morreu na manhã seguinte, no quartinho onde vivia, no quintal de um ferro velho, na rua Agissê, em sua Vila Madalena.
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