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Polícia faz operação para apurar suspeita de fraude em compra milionária de respiradores em SC

Ação apreendeu cerca de R$ 300 mil e cumpriu 35 mandados de buscas; governador diz que comprou aparelhos por desespero

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Rio de Janeiro

A Polícia Civil de Santa Catarina apreendeu, na manhã deste sábado (9), mais de R$ 300 mil em espécie ao cumprir 35 mandados de busca e apreensão numa operação que apura suspeita de irregularidade na compra de 200 respiradores ao custo de R$ 33 milhões para o estado.

A contagem do valor apreendido ainda não havia sido totalizada até esta publicação.

Batizada de "Operação O2" —numa referência ao oxigênio, a ação aconteceu em 12 cidades dos estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Mato Grosso, além de Santa Catarina.

A operação é realizada em conjunto pelo Ministério Público, Tribunal de Contas e Polícia Civil.

O ex-secretário de saúde Helton Zeferino foi exonerado após a revelação do pagamento antecipado dos R$ 33 milhões para uma empresa sem histórico de atuação na área. Os equipamentos ainda não foram entregues, tendo o prazo já expirado.

O governador de Santa Catarina,  Carlos Moisés da Silva
O governador de Santa Catarina, Carlos Moisés da Silva - Theo Marques/Folhapress

Zeferino teve os bens bloqueados pela Justiça e, em depoimento à polícia, atribuiu ao secretário da Casa Civil, Douglas Borba, a indicação da empresa contratada.

A ex-superintendente de Gestão Administrativa, Márcia Pauli, também demitida em razão das compras, disse em entrevista ao Balanço Geral Florianópolis ter ouvido citações ao nome do governador Carlos Moisés (PSL) durante a tramitação da compra sob suspeita.

Em uma reunião virtual na tarde desta sexta-feira (8), Moisés queixou-se de pressão e disse que seu governo está sendo execrado. Segundo ele, a compra ocorreu em “dias de verdadeiro desespero”.

“Estávamos em desespero”, justificou.

No encerramento da transmissão —em um rompante que chamou de desabafo— o governador se disse sozinho. E, lembrando estar diante de anunciantes de jornais, sugeriu que os empresários dessem “um recado muito claro de um jornalismo decente que tem que ser praticado, responsabilizar esses veículos”.

Moisés chegou a comparar a cobertura da imprensa ao caso da escola-base, cujos donos foram injustamente acusados de abusar sexualmente dos alunos, sendo obrigados a fechar a instituição.

“Liberdade de imprensa é uma coisa e o que estão fazendo hoje aqui em Santa Catarina... E os senhores podem me ajudar muito, fica meu apelo. Em todos esses veículos de comunicação os senhores têm propaganda, comerciais, vendem seus produtos”, disse Moisés, dirigindo-se aos empresários.

Sobre as suspeitas que pairam, o governador afirmou: “Não tenho respostas. Se há ilícitos escondidos, estamos apurando”.

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