Sem nunca imaginar o significado de empoderamento feminino, a dona de casa Maria da Conceição Perna Cordeiro fez uso dele durante muitos anos.
Um dos sobrinhos, o engenheiro agrônomo Luiz Thadeu Nunes e Silva, 61, conta que dona Cecé ou Cecé eterna, como era conhecida, estava à frente do seu tempo. Segura de si, altiva e muito culta, ela tinha o dom de congregar.
A risada alegre atraía todos para junto de si. Cecé sempre tinha bons causos para contar. “Quando ficou internada na UTI de um hospital em Brasília, encantou médicos e enfermeiros com suas histórias”, diz Luiz.
Aos amigos, à família e nas redes sociais que dominava aos 92 anos, desfilava com o que mais gostava, eternizava seus sentimentos e modo de vida em fotos, impunha suas opiniões e discutia política.
“A tia era vaidosa. Quando o filho casou, fez questão de mostrar seu vestido no Facebook”, afirma Luiz.
De bem com a vida e espirituosa, dona Cecé era famosa na cidade que nasceu, em Viana (MA). De herança dos pais ficou o mais importante: a educação de qualidade. Cecé pronunciava o português de forma impecável e ostentava o fato de ser bem informada.
Cecé gostou tanto da vida que soube gerenciar seu tempo de forma inteligente e justa. Formou sua família, cuidou dela, passeou, viajou (sozinha até há pouco tempo) e ajudou o próximo. Batalhou emprego para alguns, distribuiu cestas básicas a outros.
“O tempo é hoje”, dizia aos quatro cantos. Diabética há mais de 50 anos, não deixava de comer o que sentia vontade. A juçara, ou açaí, regava as conversas com Luiz.
Após ficar viúva, Cecé se mudou para Brasília. O filho Paulo Henrique Perna Cordeiro a queria por perto.
No dia 23 de junho, Maria da Conceição Perna Cordeiro dormiu e o coração aproveitou para descansar. Viúva, deixa quatro filhos, 19 netos, dez bisnetos, irmã e sobrinhos.
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