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Desrespeito à quarentena incorpora violência em cidades do interior do país

Policiais são presos em festa que teve tiros em MT e carro de prefeito é alvo de socos em SP

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Ribeirão Preto

O desrespeito a normas sanitárias e ao isolamento social durante a pandemia do novo coronavírus tem provocado discussões em cidades do interior do país, levado pessoas à prisão e registrado cenas como a de um prefeito tendo o carro chutado por manifestantes por manter o comércio fechado.

Festas com dezenas de participantes, jogos de futebol com torcedores sem máscaras e agressões se tornaram cenas comuns nas últimas semanas em cidades paulistas, principalmente nos municípios que estão na zona vermelha, a mais restritiva em relação à possibilidade de abertura de atividades comerciais.

Ribeirão Preto é uma das cidades em que mais problemas do tipo têm sido registrados. Desde quando foi decretada a primeira quarentena estadual, em março, atividades comerciais não essenciais funcionaram no município por apenas 15 dias.

Desde 15 de junho Ribeirão está na zona vermelha, que só permite a abertura de atividades essenciais, como supermercados e farmácias, o que tem gerado embates entre a prefeitura e comerciantes como donos de academias, por exemplo --que não chegaram a reabrir.

Na semana passada, ao menos dez pessoas que se diziam comerciantes cercaram o carro do prefeito Duarte Nogueira (PSDB) quando ele deixava o palácio Rio Branco, sede do governo.

Foi preciso que homens da GCM (Guarda Civil Metropolitana) e da Polícia Militar atuassem para permitir que o veículo saísse do local, mas manifestantes conseguiram dar socos no carro e xingaram o prefeito.

A prefeitura qualificou os atos como “descabidos, inconsequentes e inaceitáveis”. “Trata-se de uma minoria incompreensiva e não retrata o pensamento majoritário da população”, disse Nogueira. O caso é investigado pela polícia.

No dia 10, três festas, uma delas reuniria cerca de 50 pessoas, foram impedidas por fiscais municipais e a PM. Já no último domingo, foi um jogo de futebol que teve de ser interrompido no Jardim Juliana.

Só entre o dia 8 e terça-feira (21), foram feitas 227 notificações em estabelecimentos de Ribeirão, com 17 autuações, e 258 pessoas foram abordadas sem máscaras pelos órgãos de fiscalização. A cidade tem mais de 11 mil casos da Covid-19, com 304 óbitos até quarta-feira (22).

Prefeito de Ribeirão Preto fala ao microfone e, ao fundo, há bandeiras da cidade e do país
O prefeito de Ribeirão Preto, Duarte Nogueira (PSDB), que teve veículo atacado por manifestantes ao deixar o palácio Rio Branco na última semana - Alan Santos/PR

Em Mogi das Cruzes, um guarda municipal foi agredido sábado (18) no parque Botyra Camorim Gatti ao tentar dispersar uma aglomeração. O ato terminou com uma pessoa presa e uma manifestação de guardas na prefeitura no início da semana.

“Durante este período de pandemia, a corporação está na linha de frente, trabalhando para combater este grave problema que afeta a todos”, disse o prefeito Marcus Melo (PSDB), via assessoria.

Festas particulares seguem como o principal problema para as autoridades sanitárias na pandemia. Em Hortolândia, 100 pessoas participavam de uma festa numa chácara na segunda-feira (20).

Já em Sorocaba, no bairro Paineiras, um pancadão na madrugada de domingo reuniu dezenas de pessoas --e queixas aos órgãos de fiscalização. Em Marília, o final de semana teve, assim como em Ribeirão, um jogo de futebol ilegal.

FESTA DE TIROS

Os problemas envolvendo aglomerações e desrespeito às normas sanitárias ocorrem com gravidade em outros estados também.

É o caso de Mato Grosso, onde três policiais militares foram detidos domingo em Várzea Grande numa festa da qual participavam e onde houve disparos de armas de fogo, segundo a Corregedoria da PM.

Eles seguiram presos até esta quinta-feira (23), quando foram libertados por decisão judicial. “Além da responsabilização na Justiça comum, uma vez que não estavam no exercício da função policial, a conduta dos três militares estaduais está sendo apurada por meio de sindicância”, diz nota da corregedoria.

Durante a investigação, os três seguirão afastados das atividades operacionais no 1º CR (Comando Regional de Polícia Militar), onde estão lotados.

Só no fim de semana foram 14 festas interrompidas na Grande Cuiabá, uma delas com 60 pessoas.

Também nesta quinta, tiros foram disparados numa festa clandestina numa chácara da capital mato-grossense, que terminou com dois homens presos.

Além de som alto na madrugada e de não seguir medidas de distanciamento social, havia uma adolescente de 15 anos que disse à polícia ser garota de programa e ter ido ao local a trabalho.

Os dois homens, ao receberem voz de prisão, tentaram resistir e foi preciso o uso de spray de pimenta para levá-los presos.

Na sexta-feira (17), em Chapada dos Guimarães, a PM já tinha encerrado uma festa com 12 pessoas e levou dois jovens de 18 anos detidos --por promover o evento e servir bebida alcoólica a menores.

Em Ariquemes (RO), uma festa na zona rural resultou na autuação por desacato de um homem que se recusava a suspender a comemoração. Outra festa irregular foi interrompida em Caldas Novas (GO) no último sábado (18), com cerca de 80 pessoas.

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