Descrição de chapéu Rio de Janeiro

Disputa entre traficantes rivais causa morte e faz reféns no Rio

Vítima, que se curvou para proteger o filho de 3 anos, morreu baleada em tiroteio

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Rio de Janeiro

A guerra entre traficantes rivais pelo controle do Complexo de favelas do São Carlos, no bairro do Rio Comprido, na região central do Rio, leva pânico a moradores por mais de 24 horas.

A disputa causou a morte de uma jovem, na noite desta quarta-feira (26), enquanto ela tentava proteger o filho de 3 anos. Um dos criminosos invadiu um prédio na região e fez uma família refém por cinco horas. Ele acabou se entregando à polícia na manhã desta quinta-feira (27).

O Brasil teve uma mulher assassinada a cada duas horas em 2018, apontou o Atlas da Violência 2020, divulgado nesta quinta.

A guerra entre facções se estendia ainda até a tarde desta quinta. Moradores da região relatam disparos de armas de grosso calibre e até granadas. Segundo informações da Polícia Militar, quatro episódios estão ligados à guerra de traficantes.

O primeiro caso ocorreu na tarde desta quarta-feira. Na ocasião, duas pessoas ficaram feridas, um policial e um bandido, e dois foram presos durante intenso tiroteio entre homens armados com fuzis e policiais na Lagoa, zona sul do Rio. Os criminosos estariam indo para o conjunto de favelas do São Carlos.

À noite, um intenso tiroteio assustou moradores do Rio Comprido e de bairros vizinhos. Ana Cristina da Silva, 25, estava indo com o filho para o bar onde trabalhava, na Rua Azevedo Lima, quando ficou no meio do tiroteio.

No momento dos disparos, ela se curvou sobre o filho de 3 anos para protegê-lo e acabou sendo atingida por tiros de fuzil na cabeça e na barriga.

“A gente pensa que nunca vai acontecer com a gente, mas de uma hora pra outra você morre pra salvar a vida de um filho. Então, eu acho que não tem mensagem pra deixar, só tem indignação, só tem um pedido, né: Justiça pra ser feita. Foi apenas bandido contra bandido, parece que o Rio todo está tomado de bandidos. Isso que dá pra perceber”, lamentou à TV Globo, Vânia Brito, cunhada de Ana Cristina.

Segundo a família da vítima, o tiroteio impediu que Ana Cristina fosse socorrida pelo Corpo de Bombeiros.

De acordo com nota da corporação: “Onde o cenário era de conflito previsível, a guarnição solicitou protocolarmente orientação policial e foi informada de que se tratava de uma área conflagrada, com risco iminente para a equipe”. De acordo com familiares de Ana, ela foi socorrida por moradores e já chegou ao hospital sem vida.

Neste ano, a plataforma Fogo Cruzado registrou 84 pessoas atingidas por bala perdida na região metropolitana do Rio, 14 delas morreram.

Na madrugada desta quinta, um criminoso em fuga no tiroteio com traficantes entrou em um prédio na Rua Aristides Lobo, no Rio Comprido. No local, ele manteve duas mulheres e uma criança, de 5 anos, reféns durante cinco horas.

O homem atirou na perna do porteiro e invadiu o apartamento das vítimas. Policiais militares do Bope (Batalhão de Operações Policiais Especiais) prenderam o homem, que foi identificado como Renan Fortunado do Couto, após negociação.

Na tarde desta quinta, uma mulher foi feita refém por criminosos na Rua Maia Lacerda, no Rio Comprido.

Após negociação com homens do Bope, quatro criminosos se renderam e foram presos.

De acordo com a Secretaria de Estado de Polícia Civil, há cerca de duas semanas o setor de inteligência da 6ª Delegacia de Polícia (Cidade Nova) detectou uma movimentação de traficantes de uma facção criminosa que pretendiam tomar o território de comunidades que fazem parte do Complexo do São Carlos e têm influência de outra facção. Porém, conforme a Polícia Civil, não havia informação de data e horário definidos.

Conforme a Polícia Civil, todas as vezes em que há notícias desse tipo de movimentação, mesmo sem uma definição se o fato ocorrerá efetivamente, as polícias Civil e Militar planejam ações de ocupação e de capturas de criminosos. “O planejamento visa enfraquecer a eventual articulação e movimentação de traficantes nesse sentido”, diz trecho de nota.

A Polícia Civil informou ainda que, com a decisão do Supremo Tribunal Federal, que determina a realização de operações em hipóteses “absolutamente excepcionais”, ações preventivas para conter eventuais disputas territoriais ficam fora desse conceito de excepcionalidade por não terem data prevista.

“Dessa forma, a decisão obriga que as polícias haja apenas de forma reativa, pois se enquadra na hipótese de ‘casos extraordinários’ mencionados na decisão do STF,” diz a nota da Polícia Civil.

Procurada, a Polícia Militar não havia se manifestado até a tarde desta quinta. A Polícia Civil também não informou se foi constituído advogado para o homem que fez a família refém no Rio Comprido.

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