Grupo ligado ao PCC atua em contratos na Grande SP, aponta investigação

Criminosos teriam dominado serviços de saúde e coleta do lixo em Arujá

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São Paulo

Um grupo de criminosos ligados ao PCC (Primeiro Comando da Capital) conseguiu penetrar na administração da cidade de Arujá (Grande SP), por meio de licitações e indicações políticas, revela investigação da Polícia Civil.

O envolvimento de integrantes da prefeitura daquela cidade apareceu no âmbito das investigações da operação Soldi Sporchi (dinheiro sujo, em italiano), deflagrada pelo 4º Distrito Policial de Guarulhos (Grande SP), segundo a Secretaria de Estado da Segurança Pública. Novos detalhes do caso foram divulgadas pelo jornal O Estado de S. Paulo.

O vice-prefeito de Arujá, Márcio José de Oliveira (PRB), foi preso na manhã desta quinta-feira (30) em uma operação da Polícia Civil para investigar irregularidades na secretaria de Saúde da cidade
O vice-prefeito de Arujá, Márcio José de Oliveira (PRB), foi preso na manhã desta quinta-feira (30) em uma operação da Polícia Civil para investigar irregularidades na secretaria de Saúde da cidade - Reprodução UOL TV

Segundo a SSP, durante a operação, no início de junho 12 pessoas foram presas, em ação com mais de 300 policiais, que apreendeu veículos, armas e notebooks.

O grupo contaria com a participação do vice-prefeito da cidade, Márcio José de Oliveira (PRB) —que chegou a ser preso —, aponta a investigação. Segundo a reportagem de O Estado de S. Paulo, Oliveira teria feito em 2016 um acordo com Anderson Pereira Lacerda, conhecido como Gordo, próximo de integrantes do PCC, para a obtenção de dinheiro para campanha eleitoral do prefeito José Luiz Monteiro (MDB), em troca de serviços na cidade na área de coleta de lixo e saúde. O vice, porém, teria se apossado do valor, segundo a investigação.

Depois das eleições, licitações teriam sido fraudadas na cidade para favorecer o grupo, prestando serviços de baixa qualidade e acima do preço. A cadeia criminosa, então, chegava a usar remédios vencidos de hospitais para adulterar drogas do tráfico, aponta a investigação.

Após a operação policial iniciar, a Câmara Municipal de Arujá abriu uma Comissão Especial de Inquérito para apurar irregularidades nos contratos da cidade.

A reportagem não localizou o vice prefeito e Anderson Lacerda (que está foragido).

A Prefeitura de Arujá enviou nota à Folha em que afirma que tem colaborado com a Polícia Civil e que abriu sindicância para revisar os contratos.

"Diante de todos os desdobramentos da investigação noticiados pelos veículos de imprensa, a administração lamenta os ocorridos, continua aguardando os desfechos da operação e se coloca inteiramente à disposição da justiça para continuar colaborando no que for preciso. Nesse sentido, inclusive, a Prefeitura ressalta que já entregou diversos documentos à polícia, entre eles contratos, para contribuir na elucidação dos fatos investigados", diz a nota.

Veja posicionamento completo da prefeitura:

A Prefeitura de Arujá informa que tem acompanhado pela mídia a Operação "Soldi Sporchi", conduzida pela Polícia Civil de Guarulhos, uma vez que o processo segue sob segredo de justiça. Diante de todos os desdobramentos da investigação noticiados pelos veículos de imprensa, a administração lamenta os ocorridos, continua aguardando os desfechos da operação e se coloca inteiramente à disposição da justiça para continuar colaborando no que for preciso. Nesse sentido, inclusive, a Prefeitura ressalta que já entregou diversos documentos à polícia, entre eles contratos, para contribuir na elucidação dos fatos investigados. Aliás, a administração reitera que não foi notificada pela justiça e que é vítima das irregularidades apontadas pela polícia em entrevistas aos meios de comunicação. Também é importante informar que foi aberta uma sindicância que segue em tramitação para revisar contratos e processos administrativos a fim de investigar possíveis irregularidades dentro da administração municipal. Por fim, a Prefeitura comunica que preza pela legalidade em todas as contratações para a prestação de serviços à municipalidade, considerando acima de tudo o que prevê a legislação.

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