No final de 2015, após a aposentadoria, João Batista Rodrigues Dantas ou “Seo Batista”, como era conhecido, começou sua história em São Paulo, cidade de que aprendeu a gostar.
Na bagagem, ele e a esposa Mirian Levino, hoje com 60 anos, trouxeram coragem, disposição e simpatia, três atributos pelos quais os nordestinos são lembrados.
João Batista nasceu na fazenda Serra Preta, localizada no município que atualmente é chamado de Messias Targino (RN).
Na mala também vieram as lembranças do lugar favorito na fazenda: o mangueiral ao lado do açude.
No estado natal, viveu ainda em Patu, onde conheceu Mirian e se casou, e Caicó.
Foi nesta última que João começou a sua história na gastronomia nordestina e aprendeu, sozinho, a produzir a carne de sol, que tornou-se sua marca. João teve restaurante por cerca de 25 anos.
Já em São Paulo, à sua lista de amores se somaram o bairro de Santa Cecília (centro), o lar escolhido na cidade, e, claro, os netos.
A cozinha era paixão mantida em fogo lento, bem cuidado. Até o início da pandemia de Covid-19, ele era facilmente encontrado no restaurante Jesuíno Brilhante, em Pinheiros (zona oeste), que montou junto com o filho, o jornalista Rodrigo Levino Dantas, 38.
“O restaurante é a história do meu pai. O cardápio foi elaborado com base no que era servido nos restaurantes dele desde 1980”, diz Rodrigo.
A clientela paulistana se encantou com a gentileza, a tranquilidade e a atenção. João decorava os nomes dos clientes e seus pratos preferidos.
Nos seus atendimentos, que logo cativaram uma legião de residentes nordestinos da Faculdade de Medicina da USP e do Hospital das Clínicas, sempre tinha um agrado.
“Meu pai era inapropriado para o mundo de hoje, porque era afetuoso, generoso e incapaz de uma grosseria”, afirma Rodrigo.
João Batista Rodrigues Dantas morreu dia 20 de outubro, aos 65 anos, de câncer. Deixa a esposa, dois filhos, dois netos eu um legado em carne seca e sorrisos.
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