Advogado do caso Ferrer diz que cenas foram tiradas de contexto e que sofre ameaças de morte

Defensor de André Aranha disse que trabalhou dentro dos limites legais e que não se arrepende de fala

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São Paulo

O advogado Cláudio Gastão da Rosa Filho, 50, que defendeu o empresário André Aranha no processo em que foi acusado de estupro pela influenciadora Mariana Ferrer, afirma não se arrepender de seu comportamento da audiência.

Rosa Filho diz que a atuação dele se deu dentro dos limites legais e que as primeiras imagens divulgadas foram retiradas do contexto e, da forma como foram apresentadas, distorceram o que realmente aconteceu nas três horas que duraram os trabalhos.

O advogado Cláudio Gastão da Rosa Filho, que defende o empresário André Aranha em processo de estupro
O advogado Cláudio Gastão da Rosa Filho, que defende o empresário André Aranha em processo de estupro - Marco Cezar/Divulgação

"Tenho a convicção de ter atuado dentro dos limites éticos, legais e profissionais, considerando-se a exaltação de ânimos que costuma ocorrer em audiências como aquela."

O criminalista disse que após a divulgação de parte da audiência, ele e sua família passaram a ser alvo de ataques de todos os tipos e que por isso está acionando os meios legais.

A entrevista com o advogado foi feita por escrito a pedido de Rosa Filho.

*

Você costuma dizer que vai até o inferno com seus clientes, mas não entra nele. Você acha que dessa vez acabou entrando?

Não e reitero a minha afirmação. Quando decido assumir uma causa, é porque acredito no meu cliente.

O que seria o inferno?

Entrar no inferno seria exceder os limites legais e profissionais, o que eu não faço.

Qual era a ideia da defesa ao mostrar aquelas fotos de Mariana Ferrer na audiência?

Assim como é importante a leitura na íntegra da sentença para compreender os seus fundamentos, é indispensável assistir a toda a audiência antes de se emitir opiniões definitivas. Os trechos que estão sendo amplamente divulgados distorcem todo o contexto das afirmações. Sou enfático em afirmar que as audiências foram tensas e os embates entre defesa e Mariana foram constantes e longos. A denunciante, por repetidas vezes, mencionou minha família e outras questões pessoais como tentativa de me intimidar ou desestabilizar. A tese utilizada de confronto não pormenoriza as questões, uma vez que algumas das imagens foram juntadas aos autos por advogadas da própria Mariana.

Importante destacar que as dinâmicas entre a acusação e a defesa, especialmente em casos mais complexos, abrangem aspectos relacionados a hábitos, perfis, relacionamentos e posturas das pessoas envolvidas. Por isso, fiz indagações a Mariana a respeito desses pontos. Isso fazia parte do que estava em discussão nos autos e é decorrência do direito à defesa e da busca da verdade. A minha indagação se referiu ao fato dela ter mudado completamento o perfil de suas postagens após o início da denúncia infundada contra o acusado.

Toda pessoa tem o direito de postar e tirar fotos da forma como quiser e não deve ser julgada por isso, e essa é uma das minhas premissas. O ponto-chave da indagação é a mudança brusca de comportamento da Mariana logo após início do caso para supostamente sustentar o estereótipo criado para a personagem que protagoniza o caso.

O que a Mariana fez para que agisse daquela forma?

Em todas as indagações, seja do advogado de acusação, da promotoria e do juiz, Mariana furtava-se de responder e apenas dizia que queria respeito e justiça. Afirmava não se lembrar de nada, mas garantia que havia sido estuprada. Seu discurso era incoerente, pois por diversas vezes entrou em contradições.

Você disse em nota que “Mariana mencionou as minhas filhas menores e aspectos pessoais da minha vida”. O que ela disse exatamente que te ofendeu?

Mariana fez referência às minhas filhas, que não vou novamente aqui expor, mas posso reiterar que as afirmações foram para denegrir a imagem das mesmas, que são menores de idade, bem como para desestabilizar a audiência que estava em curso, fugindo mais uma vez de responder o que lhe era perguntado.

Você acha que extrapolou os limites profissionais, éticos e legais?

Não. As dinâmicas entre acusação e defesa muitas vezes seguem ritos acalorados. Tenho a convicção de ter atuado dentro dos limites éticos, legais e profissionais, considerando-se a exaltação de ânimos que costuma ocorrer em audiências como aquela.

Se arrepende de algo na condução desse caso?

Não! Segui dentro dos limites éticos, legais e profissionais.

Agiria da mesma forma se a audiência fosse presencial?

Sim.

Em um dado momento, você disse que não gostaria de ter uma filha como Mariana. Que tipo de filha acha que ela é?

Aqui, mais uma vez, a questão acima é um vazamento seletivo, fora do contexto e que induz a análises equivocadas. Não há como justificar uma afirmação retirada de um momento de questionamentos dentro de uma audiência que buscava a verdade e desmontar uma denúncia fraudulenta e calcada pela mentira.

Qual seu grau de amizade com o promotor e com o juiz do caso?

Meu relacionamento com juiz e promotor do caso é profissional, como o de todos os advogados, que interagem apenas em atividades no fórum. Não tenho nenhum tipo de relacionamento pessoal com nenhum dos dois.

Seus amigos afirmam que você não aceitava defender suspeitos de estupro. Por que aceitou defender o empresário André Aranha?

Pela minha convicção, que foi corroborada nos autos e no resultado do processo, sobre a inocência do empresário.

Você disse que recebeu ameaças e que atacaram suas filhas. Pode contar o que está se passando com você e sua família neste momento?

Recebemos diversas ameaças, inclusive atentando contra as minhas filhas e contra minha família. Contudo, todas as medidas cabíveis já estão sendo tomadas.

Quais pessoas estão dando apoio a você neste momento?

Todas as pessoas que acreditam no papel da justiça e nos limites éticos, profissionais e morais de um cidadão.


Cláudio Gastão da Rosa Filho, 50

Bacharel em direito pela Universidade do Vale do Itajaí (Univali), é mestre em Direito Penal pela Universidade Federal do Paraná. É advogado criminalista e ex-conselheiro da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). Casado, é pai de quatro filhos.

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