Médico nutrólogo suspeito de abusar sexualmente de pacientes é preso em SP

Abib Maldaun Neto foi detido ao passar por radar ligado a sistema Detecta na manhã desta segunda-feira (14)

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São Paulo

A polícia de São Paulo prendeu, na manhã desta segunda-feira (14), o nutrólogo Abib Maldaun Neto, 56, suspeito de praticar abusos sexuais contra pacientes na clínica dele, no Jardim Paulista, zona oeste da capital paulista.

A prisão do médico foi decretada pela Justiça paulista no início do mês, a pedido do Ministério Público, em nova ação movida contra Maldaun Neto. Ele foi detido após passar de carro por um radar do sistema Detecta. Não houve resistência à prisão, informou a polícia.

O nutrólogo já foi condenado por violação sexual mediante fraude, em segunda instância, em julho deste ano –decisão da qual ainda pode recorrer.

As suspeitas contra o médico foram reveladas pela Folha no final de 2017. Em setembro deste ano, após a TV Globo veicular reportagem sobre a condenação em segunda instância, a Promotoria abriu canal para novas denúncias. São essas novas denúncias que abastecem a ação do Ministério Público.

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Clínica em que o médico Abib Maldaun Neto atendia na avenida Nove de Julho, no Jardim Paulistano; é lá onde teria ocorrido a maioria dos crimes sexuais que pesam contra ele - Jardiel Carvalho/Folhapress

A nova ação apresenta nove supostas vítimas, além de oito testemunhas que também dizem terem sido molestadas pelo médico, mas cujos crimes já prescreveram. "Aliás, por oportuno, o denunciado é verdadeiro estelionatário sexual habitual, haja vista que vem perpetrando os atos delitivos desde o ano de 1997", diz trecho da denúncia da promotora Maria Fernanda de Castro Marques Maia.

O Ministério Público cacula que, caso Maldaun Neto seja condenado por todos os crimes, ele pode pegar uma pena entre 20 e pouco mais de 60 anos de prisão. A violação sexual mediante fraude, crime pelo que está sendo acusado por nove vezes, prevê uma pena de dois anos a seis anos de prisão.

De acordo com a juíza Ana Cláudia dos Santos Sillas, da 26ª Vara Criminal, as suspeitas que pesam contra o médico são graves, “com indícios de autoria e provas de materialidade”, de “crime idêntico” ao qual já foi condenado.

“Os crimes sexuais imputados ao réu são de extrema gravidade, especialmente porque supostamente praticados no exercício de sua atividade contra suas pacientes, com abuso da relação de confiança própria da sua função, a causar repulsa na sociedade fazendo-se necessária a prisão para a conservação da ordem pública e para que a sociedade não se veja privada da segurança desejada”, diz trecho do despacho da juíza.

Segundo a polícia, assim que foi abordado nas imediações do aeroporto de Congonhas, o nutrólogo disse que estava indo se entregar.

“Quando foi parado pelo policial, ele disse que estava a caminho da Divisão de Capturas para se entregar, mas ele estava em sentido contrário da unidade, na região do aeroporto. Muito estranho, né?”, disse o delegado Osvaldo Nico Gonçalves.

Ainda segundo o diretor do Dope (Departamento de Operações Policiais Estratégicas), desde a semana passada a Polícia Civil mantém pontos de vigilância para tentar prender o médico, como casa, consultório e endereços de amigos dele.

“A advogada dele começou a tratar com a gente, que ele ia se entregar. Nós não acreditamos muito, continuamos com as campanas no final de semana. E na sexta (11), eu joguei no Detecta o carro dele, que era de interesse da Divisão da Capturas. Hoje, pela manhã, bingou”, disse.

A Folha não conseguiu localizar a defesa do nutrólogo até a publicação desta reportagem. A folha deixou recados em todos os telefones disponíveis e mandou mensagem por email, mas sem respostas.

Em setembro, procurado pela reportagem, o médico afirmava manter a consciência tranquila. “Em décadas arduamente dedicadas à medicina, jamais pratiquei qualquer ato imoral ou ilegal contra qualquer paciente ou cidadão”, disse, por nota.

"Sempre atuei de forma ética, integra e profissional zelando pela dignidade da honrosa profissão à qual dedico a minha vida, por esta razão sempre colaborei com o processo, comparecendo em todos os atos e me colocando à disposição da Justiça a fim de que a verdade real dos fatos seja devidamente comprovada."

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