Mortes: Há 20 anos, alertou as filhas sobre o risco da pandemia

Mario Eugênio Mallegni era o tipo de médico que humanizava o atendimento de saúde

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São Paulo

Para o ginecologista e obstetra Mario Eugênio Mallegni a medicina nunca perdeu a ternura e a empatia.

Ele estabelecia relações humanas com as pacientes. Sabia o melhor momento para falar e ouvir. Era o tipo de médico que olhava no olho das pessoas e valorizava o exame clínico.

Atencioso e livre de preconceitos, realizou muitos atendimentos por caridade. “Ele queria colaborar com os humildes que não tinham acesso a boa medicina”, afirma a advogada Adriana Torres Mallegni, 54, uma das filhas.

Paulistano, Mario formou-se em 1955 na Escola Paulista de Medicina. Tornou-se professor da cadeira de ginecologia da Faculdade de Medicina da Fundação Lusíada.

Mário Eugênio Mallegni (1928-2020) e a esposa Maria Luíza
Mário Eugênio Mallegni (1928-2020) e a esposa Maria Luíza - Arquivo pessoal

Em 57 anos dedicados à medicina, realizou mais de mil partos somente na Casa de Saúde de Santos, onde foi diretor. Atuou por dezenas de anos no Hospital Estadual Guilherme Álvaro, em Santos, município em que também fundou a Unimed. Mário exerceu a profissão até 84 anos de idade.

Amante do mar, de seus navios e aventuras, Mário foi o médico do navio oceanográfico Prof. W. Besnard, que fez a primeira expedição polar brasileira. Convidado pela USP, participou de mais três viagens à Antártida a bordo deste navio, o que lhe rendeu o título de cidadão santista.

A embarcação foi batizada como Prof. W. Besnard em homenagem ao cientista Wladimir Besnard, trazido ao Brasil pela USP para organizar e dirigir o Instituto Oceanográfico.

Leitor voraz de livros de aventura, Mário tinha a coleção inteira do escritor Júlio Verne.

Quando passeava ao exterior com a esposa Maria Luíza, adorava fazer anotações sobre os pontos turísticos visitados. Assim, museus, castelos e as histórias dos locais ganhavam vida em seus diários de viagem.

Apaixonado por geografia, gostava de perguntar ao neto, seu xará, o nome das capitais do mundo. Era uma forma de transmitir ao garoto, hoje um homem que mora em Londres, o gosto pelas viagens.

“Há 20 anos, durante um almoço, ele nos disse que viveríamos uma pandemia séria porque a medicina não seria capaz de combater o que estava se criando em matéria de vírus e bactérias”, conta Adriana.

Ironicamente, foi uma das vítimas da própria previsão. Mário morreu no dia 19 de dezembro, aos 92 anos, por complicações de Covid-19. Deixa a esposa, três filhos, quatro netos e um bisneto.

coluna.obituario@grupofolha.com.br

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