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Jovem do RS resgatado em SP após ser enganado em namoro virtual ganha emprego

Rapaz diz ter caído em golpe ao marcar encontro com menina que não apareceu; policiais o ajudaram

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Gonçalves (MG)

A desilusão causada após ter sido enganado pela menina que tanto amava rendeu outros frutos à vida do jovem Matheus de Quadros, 18.

O caso ganhou repercussão nacional nesta quinta-feira (11) após a Folha contar a saga do rapaz ao querer viver o seu primeiro e grande amor mesmo sob o pior momento da pandemia de Covid-19.

Matheus largou tudo para namorar Luana, a menina que conheceu pela internet e com quem trocou mensagens diárias com ele por dois anos e dizia ser moradora de Osasco, cidade da Grande São Paulo.

Matheus chora ao chegar em Porto Alegre ao lado do soldado Diogo Ávila após três dias dormindo na rodoviária do Tietê, em SP
Matheus chora ao chegar em Porto Alegre ao lado do soldado Diogo Ávila após três dias dormindo na rodoviária do Tietê, em SP - Divulgação

Matheus juntou dinheiro ganhado em bicos, comprou uma passagem de ônibus e seguiu rumo à cidade de São Paulo sem avisar a família para se encontrar presencialmente com a então namorada virtual no último domingo (7).

Mas Luana não apareceu, e Matheus ficou sozinho à espera da amada por três dias se alimentando com a ajuda dos viajantes do Terminal Rodoviário do Tietê.

O jovem só saiu do terminal após pedir socorro por telefone para seu ex-professor, o soldado Diogo Ávila, que deu aulas ao menino no Proerd (Programa Educacional de Resistência às Drogas e à Violência), iniciativa das polícias militares junto às comunidades mais vulneráveis do país.

Ávila mobilizou a rede do Proerd e, juntas, as polícias paulista e gaúcha fizeram uma vaquinha que possibilitou o resgate e o retorno do jovem para casa, na cidade de Gravataí, na região metropolitana de Porto Alegre.

“Eu só queria trazer esse garoto de volta para a casa dele. Valeu e continua valendo qualquer esforço para ajudar o outro”, disse o soldado sobre o amigo Matheus.

Além da beleza e do bom papo, Matheus disse ter sido atraído por outra proposta de Luana: a possibilidade de um emprego. “Ela me disse que eu poderia trabalhar com o pai dela num supermercado”, afirmou o garoto à Folha.

Se a história, que parece ter saído de um filme, não teve o desfecho desejado, ao menos Matheus saiu dela com a carteira assinada e no local onde queria começar sua trajetória profissional: um supermercado.

O garoto esteve na manhã desta sexta-feira (12) numa unidade do supermercado Pomier, que fica bem próximo à sua casa, para conhecer o local onde vai trabalhar.

Lá, Matheus será operador de loja. Joelson Trindade, o gerente do supermercado, disse que se sentiu sensibilizado pelo caso, e resolveu dar a primeira oportunidade de emprego ao garoto.

“A história dele causou uma comoção entre os nossos funcionários porque ele é uma pessoa da nossa comunidade. O comércio, além de vender produtos, tem uma função social, e é o que estamos fazendo dando esse emprego a ele”, afirmou Trindade.

Matheus terá a responsabilidade de repor os produtos das gôndolas, manter as hortaliças frescas nas prateleiras e tirar as dúvidas dos clientes da loja.

O salário inicial será de R$ 1.350, com benefícios inclusos, como planos médico e odontológico. “Eu havia distribuído currículos antes, mas ninguém me chamava por causa da pandemia”, disse o rapaz.

O jovem mora na casa da madrinha, Jocelaine dos Santos Domingues, 35, na periferia de Gravataí. Ele perdeu a mãe quando ainda era criança e nunca conheceu o pai.

A dona de casa, que trabalhava como diarista antes da pandemia, hoje vive com o salário-mínimo da pensão que recebe do marido, morto há dois anos. A única fonte de renda da casa sustenta os quatro filhos de Jocelaine e o afilhado Matheus.

“Eu, como segunda mãe, estou muito feliz em ver meu menino se encaminhando na vida. É um garoto puro que passou por toda essa situação por inocência”, conta a “dinda”, como Matheus se refere à madrinha Jocelaine.

Depois do apuro que passou, a madrinha instituiu um decreto para o afilhado: “Agora você só vai namorar uma garota se ela vier atrás de você”.

Matheus ri e desconversa sobre as coisas do coração. Diz que leu muitas mensagens de outras meninas interessadas em conhecê-lo, mas o foco agora é outro. “Quero trabalhar e terminar meus estudos”, afirmou. Antes, bloqueou o perfil de Luana no Facebook.

Com 18 anos, Matheus ainda não concluiu o ensino médio –ele está no 1º ano da última etapa da educação básica.

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