Descrição de chapéu Rio de Janeiro

Polícia investiga morte de menino de 4 anos, enteado de vereador do Rio

Laudo aponta diversas lesões pelo corpo da criança, que chegou ao hospital morta na semana passada

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Rio de Janeiro

A polícia do Rio de Janeiro investiga a morte do menino Henry Borel Medeiros, 4, enteado do vereador Jairo Souza Santos, conhecido como Dr. Jairinho (Solidariedade), e filho de sua namorada, a professora Monique Medeiros. O caso ocorreu no último dia 8, na Barra da Tijuca, na zona oeste carioca.

O laudo de necropsia, obtido pela TV Globo e confirmado pela Folha, mostrou que a criança já chegou morta ao hospital e que as causas do óbito foram “hemorragia interna" e "laceração hepática" (lesão no fígado), produzidas por uma "ação contundente" (violenta).

Além disso, os peritos do Instituto Médico Legal concluíram​ que ele tinha hematomas nos membros superiores, hematomas e sangue no abdômen, infiltração hemorrágica no crânio, edemas (inchaço por excesso de líquido) no cérebro, contusão no rim e trauma com contusão no pulmão.

Questionada, a Polícia Civil informou apenas que “as investigações estão a cargo da 16ª DP (Barra da Tijuca) e correm sob sigilo". O advogado de Dr. Jairinho, André França, respondeu que só vai se pronunciar oficialmente ao vivo, para uma rede de televisão ainda não definida.

Selfie de criança e pai deitados no travesseiro
O menino Henry Borel, morto aos 4 anos na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, e o pai Leniel Borel - Reprodução/Instagram

O pai de Henry, o engenheiro Leniel Borel de Almeida, disse em entrevista ao RJ2 que está separado da mãe do menino e que esteve com o filho no fim de semana anterior à morte dele. No sábado (6) foram a uma festa e no domingo (7) à noite o deixou de volta na casa na mãe, na Barra da Tijuca, onde a criança chorou muito, como de costume.

Horas depois, de madrugada, Leniel recebeu uma ligação de Monique dizendo que ela e Dr. Jairinho estavam levando Henry às pressas ao Hospital Barra D’Or. Quando chegou, o pai relatou que viu "os médicos em cima do coração do menino" e que perguntou à mãe o que havia acontecido.

"Falaram que houve um barulho, foram lá ver o que estava acontecendo, e quando chegou lá o menino estava revirando o olho com dificuldade de respirar, [como se o menino estivesse] tendo um ataque cardíaco", afirmou ele, que depois foi orientado a procurar a polícia e pedir o laudo pericial.

O padrasto e a mãe do menino prestaram depoimento por cerca de 12 horas entre a tarde desta quarta (17) e a madrugada desta quinta (18). Falaram separadamente, como testemunhas, e não quiseram conversar com jornalistas na entrada nem na saída da delegacia.

Eles eram os únicos no apartamento quando o incidente aconteceu. Imagens obtidas pela Globo mostram que no dia anterior o menino estava bem, sem lesões aparentes, em um shopping onde esteve com o pai e quando chegou ao condomínio da mãe.

O vereador Dr. Jairinho ainda não se pronunciou publicamente sobre o caso, mas em nota ao jornal "Extra" afirmou estar “triste”, “sem chão” e “suportando a dor graças ao apoio da família e dos amigos”. O parlamentar descreveu o enteado como “um menino incrível e doce”.

“As autoridades estão apurando os fatos e vamos ajudar a entender o que aconteceu. Toda informação será relevante. Por isso, acho prudente primeiro dizer na delegacia a dinâmica dos fatos, até mesmo para não atrapalhar os trabalhos desenvolvidos”, escreveu ele antes de depor.

Dr. Jairinho, 43, é médico e foi eleito vereador do Rio pela primeira vez em 2004, aos 27 anos, pelo PSC. É autor, por exemplo, da lei que baniu o uso de canudos de plástico na cidade.

Ele é filho do ex-deputado estadual Coronel Jairo, que foi apontado como miliciano na CPI das Milícias e teve o nome envolvido nas investigações sobre a tortura de uma equipe do jornal "O Dia" na Favela do Batan (zona oeste), em 2008. O então deputado negou envolvimento com o caso.

Coronel Jairo chegou a concorrer à reeleição em 2018, mas perdeu. No mês seguinte, foi preso preventivamente na operação Furna da Onça por suspeita de corrupção e fraude em licitações. Está solto desde novembro de 2019, após habeas corpus concedido pelo Tribunal Regional Federal da 2ª Região.

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