Que se tem notícia, o cientista político Gilberto Bueno Schlittler só deixou a doçura de lado quando discutiu com Yasser Arafat, ex-líder da Organização para a Libertação da Palestina, em uma ocasião, ao longo de sua carreira na ONU (Organização das Nações Unidas).
Natural de Piracicaba (a 160 km de SP) e caçula entre cinco filhos de pai dentista e mãe dona de casa, Gilberto era o mais gentil dos homens. Bondoso e justo, sempre defendeu os mais oprimidos.
Autêntico, era descrito como habilidoso ao piano e com as poesias que escrevia. Dominava francês, inglês e espanhol com perfeição.
Aos 29 anos, quando já havia cursado sociologia e política na USP, viajou aos EUA para dirigir uma empresa de café.
“Um amigo o alertou de que ele tinha perfil para trabalhar na ONU. Gilberto enviou o currículo e foi logo contratado, porque eles precisavam enviar alguém que falasse português para a África”, conta o acupunturista Fernando Rodrigues de Campos, 55, seu companheiro.
Segundo Fernando, Gilberto chegou ao posto de subsecretário-geral da ONU. A atuação nos conflitos deu intensidade à sua vida. Como integrante do comando das Nações Unidas, participou de negociações de paz que puseram fim às guerras civis na Guatemala e em Angola.
A trajetória na ONU durou 30 anos. No pós aposentadoria, lecionou no curso de diplomatas na ONU da Suíça e também no de relações internacionais da Universidade de Nova York.
Gilberto chegou a se casar e tornou-se pai de dois filhos, mas o amor de sua vida, Fernando, conheceu numa reunião de amigos. Os dois foram companheiros por mais de 25 anos.
Gilberto Bueno Schlittler morreu dia 10 de julho, aos 86, em decorrência de insuficiência renal e hepática. Além de Fernando, deixa dois filhos e dois netos.
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