Polícia de SP retira armas e distintivo e afasta delegado Da Cunha de atividades externas

Medidas ocorrem após 'operação Rambo'; policial diz que sua vida corre risco

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São Paulo

A Polícia Civil de São Paulo determinou que o delegado Carlos Alberto da Cunha, conhecido nas redes sociais como delegado Da Cunha, seja transferido para funções burocráticas e tenha armas e distintivos recolhidos, após envolvimento em uma série de polêmicas relacionadas à sua atuação na internet.

Com mais de 3 milhões de seguidores em seu canal, o policial recentemente desagradou a cúpula da polícia ao postar uma foto em que segurava uma pistola na mão enquanto olhava um grupo de pessoas na cracolândia, conforme a Folha mostrou.

O episódio, que ficou conhecido entre os policiais como "operação Rambo', é um dos citados no despacho afastando o delegado das funções de rua.

O documento menciona um vídeo em que o delegado aparece “exibindo ostensivamente a arma de fogo em uma participação na intitulada ‘Operação São Paulo’, deflagrada aparentemente pela Guarda Civil Metropolitana na região central desta capital, sem a participação de outros policiais civis e sem aparente relação com investigação criminal em curso”.

O documento também se refere a apuração relacionada a imagens e vídeos “nos quais apresenta-se como delegado de polícia e ostenta armas e acessório com a insígnia de personagens ‘Justiceiro’ e ‘Pantera Negra’”. E, também, uma publicação do policial em que chama colegas policiais civis acima de 55 anos de idade de ratos e raposonas.

Justificando a decisão de transferência do delegado para funções burocráticas e retirada das armas, o documento afirma levar em conta a “gravidade da conduta” e a “periculosidade” interna e externa, causando danos à imagem da Polícia Civil. Ao todo, o delegado teria sete procedimentos investigatórios em curso.

Delegado Da Cunha, da Polícia Civil de São Paulo, na cracolândia
Delegado Da Cunha, da Polícia Civil de São Paulo, na cracolândia - @delegadodacunha no Instagram

O delegado fez um vídeo postado no YouTube, intitulado “Afastado da Polícia - minha segurança está em risco”, falando sobre o caso. Ele diz que há um “um cidadão que acha que representa toda a instituição, ele vem tentando me prejudicar, instalando uma série de apurações preliminares”.

“Decisão para eu entregar arma? Decisão para entregar todas as minhas armas? Que decisão é essa? Então passo anos e anos da minha vida combatendo o PCC, combatendo sequestrador, o Brasil, o mundo inteiro sabe que eu sou delegado, e o senhor quer que eu entregue as armas?”, disse no vídeo. “Como me defendo do PCC, da facção sem arma?”, questionou.

O delegado também postou vídeo nos stories do Instagram no momento em que chegava a uma delegacia para entregar três armas e carteira funcional. No vídeo, ele cita que permanece com uma arma particular.

A reportagem procurou o delegado para se pronunciar sobre o assunto, mas não recebeu resposta até a publicação desta reportagem.

Após publicação da Folha sobre a atuação do delegado, ele postou um vídeo respondendo sobre o assunto.

“Eu tenho sete apurações preliminares, todas instauradas depois do canal, todas por motivos, na minha opinião, pífios, motivos fracos, que não representam nenhum erro administrativo”, afirma.

Reprodução do canal do Delegado Da Cunha em vídeo sobre sua transferência para atividades burocráticas
Reprodução do canal do Delegado Da Cunha em vídeo sobre sua transferência para atividades burocráticas - Reprodução
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