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Moradores são impedidos de se vacinar após sistema acusar que CPF já tinha sido usado em Santo André

Prefeitura afirma que ninguém foi imunizado no lugar dessas pessoas, mas apura casos de fura-filas

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São Paulo

Moradores de Santo André foram impedidos de se vacinar contra a Covid-19 na última semana depois de o sistema de cadastro do município acusar que os CPFs já tinham sido usados para imunização.

Em ao menos três casos, pessoas com menos de 30 anos não conseguiram fazer o agendamento, já que o sistema indicava haver registro de vacina aplicada, em fevereiro deste ano, vinculada aos seus documentos. Naquele mês, a imunização ainda estava restrita aos profissionais da linha de frente da saúde.

A Prefeitura de Santo André informou ter apurado os casos e alega que ninguém se vacinou no lugar dessas pessoas. Também afirmou que o problema ocorreu por inconsistência no sistema, sem detalhar o que aconteceu.

Ainda que afirme não ter havido fraude nesses casos, a prefeitura informou apurar casos de pessoas que, no período em que apenas profissionais da saúde da linha de frente eram vacinados, tentaram furar a fila da imunização. O município não deu mais detalhes das investigações.

Na última sexta-feira (30), quando a prefeitura liberou o agendamento da vacina para a faixa etária de 25 a 27 anos, Pâmela Souza, 27, se apressou em fazer o cadastro para que ela e o irmão, de 25, fossem vacinados no mesmo dia.

Ao digitar o CPF, ela foi informada que o documento já havia sido utilizado na vacinação de outra pessoa em 11 de fevereiro. O mesmo aconteceu com o documento do irmão.

“O sistema nos impediu de fazer o agendamento, porque acusava que a gente já tinha sido vacinado. Estava com a maior esperança e empolgação de finalmente me vacinar e de repente descobri que tinha sido vítima de fraude”, conta.

Ela relata ter tentado contato com a Prefeitura de Santo André por e-mail e pelo telefone da Ouvidoria da Saúde, mas não obteve resposta. Souza decidiu então ir à polícia e registrar um boletim de ocorrência.

“Fiquei com medo de ser impedida de me vacinar, de ser acusada de ter furado a fila ou que usassem meu CPF para outro tipo de golpe."

Elaine Lima, 29, também foi impedida de fazer o agendamento porque seu CPF estava vinculado a uma imunização realizada em 12 de fevereiro. Ela é nutricionista e conta ter tentado fazer o agendamento na época, mas desistiu ao descobrir que o calendário era restrito aos profissionais da linha de frente.

“Eu vi que não tinha direito a me vacinar naquele período e desisti. Esperei a minha vez, mas aí descobri que não posso porque meu CPF já foi usado. Entrei em desespero."

Ela também tentou contato com a prefeitura para identificar o problema, mas não teve resposta. “Depois de tanto tempo esperando pela minha vez, é desesperador ser impedida por um erro ou uma fraude.”

Em nota, a Prefeitura de Santo André diz que “não procede” a informação de que os moradores não tiveram resposta. O município diz que Souza recebeu a primeira dose e que o irmão dela está com a vacinação agendada. Também diz não ter encontrado o registro de vacinação de Lima.

Os três receberam ligação da prefeitura no fim da tarde desta terça-feira (3) para que funcionários pudessem “corrigir possíveis inconsistências em seus cadastros”. As ligações ocorreram minutos após a Folha questionar o município sobre os casos.

Nas redes sociais da prefeitura, há relatos de outras pessoas impedidas de agendar a vacinação pelo mesmo problema.

“Semanalmente há uma verificação de possíveis inconsistências no sistema que, quando identificadas, são resolvidas. Vale destacar que as inconsistências podem também se referir ao cadastro de vacinados no sistema do estado e não do município”, disse, na nota, a prefeitura.

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