Descrição de chapéu Obituário José Geraldo Ferreira de Moura Campos (1928 - 2021)

Mortes: Professor, dedicou-se à educação para transformar vidas

Professor Geraldo foi mais uma vítima da Covid-19

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São Paulo

Das muitas lições ensinadas por José Geraldo Ferreira de Moura Campos, o professor Geraldo, a da generosidade marcou a vida de muitas pessoas —em especial, das três para as quais ele custeou todos os estudos.

Uma delas era um aluno pobre da escola em que dava aula e que formou-se como professor de música. O segundo foi seu único sobrinho, hoje engenheiro. O último foi Thiago Kaczuroski, 35, filho de uma empregada que trabalhava em sua casa. Para ele, que é jornalista, o professor Geraldo foi muito mais que um padrinho.

“A maioria das oportunidades que eu tive na vida, eu devo a esse cara. Ele foi meu pai quando o meu faltou, me acolheu na casa dele, onde morei por dez anos, falava que eu era o neto dele só pra não ter que ficar dando explicação pra quem quer que fosse e pra não dizer que a gente não tinha nenhum laço legal, ele foi meu padrinho de casamento. Aí veio o Bernardo e ele virou o Biso, mas o laço era muito maior”, afirma.

Geraldo nasceu em Campinas (a 93 km de SP), cresceu em Ribeirão Bonito (a 263 km d capital paulista) e iniciou a carreira como professor de língua portuguesa em Araraquara (a 273 km de São Paulo). No final dos anos 1940, lecionou numa colônia de japoneses em Presidente Venceslau.

José Geraldo Ferreira de Moura Campos (1928-2021) e o afilhado Thiago Kaczuroski
José Geraldo Ferreira de Moura Campos (1928-2021) e o afilhado Thiago Kaczuroski - Arquivo pessoal

Cursou as faculdades de letras, direito e filosofia e afirmava defender que a educação era uma ferramenta transformadora de vidas.

Quando chegou a São Paulo, Geraldo morou primeiro no Bom Retiro, na zona norte, e depois passou seus últimos 50 anos de vida na Pompeia (zona oeste). Foi professor e diretor da Escola Estadual Professor Mauro de Oliveira, na Vila Anglo Brasileira (zona oeste), e também lecionou no Colégio Padre Moye, no Limão (zona norte).

“Certamente, quem tem entre 50 e 60 anos, de alguma forma, foi aluno dele. Ao lado da irmã, Maria Therezinha Ferreira de Campos, criou o curso de admissão para ajudar no ingresso ao ginásio”, afirma Thiago.

Mesmo aposentado deu aulas particulares até quando a saúde permitiu, muitas vezes sem cobrar por elas. Dizia que era um jeito de continuar ativo.

Professor Geraldo teve uma vida simples e era católico fervoroso, muito envolvido com a igreja. Como gostava de ler, tinha uma biblioteca com cerca de 2.000 livros. Sem fanatismo, era torcedor do São Paulo.

“Ele só não conseguiu me ensinar três coisas: a torcer pro time dele, a votar no partido dele e a seguir a religião dele. Nela, a vida eterna rola em algum lugar melhor que o nosso aqui. Pra mim, a vida eterna rola quando a gente mantém as ideias de alguém vivas, falando sobre elas, e principalmente, passando o que aprendeu com elas pra frente”, conta Thiago.

Geraldo morreu dia 31 de julho, aos 93 anos, por complicações da Covid-19. Solteiro, deixa um sobrinho e um afilhado.

coluna.obituario@grupofolha.com.br

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