Em meio a uma infância alegre e cheia de brincadeiras, Benedicto aprendeu o valor do trabalho no dia a dia, ensinamento que passou aos filhos.
“Comecei a trabalhar aos 12 anos. Aos 14 anos, entrei no Senai e ele me acordava 5h30, ia na padaria comprar pão, tomávamos café, ele me levava ao ponto de ônibus e se dirigia ao trabalho”, lembra o jornalista Valmir Storti, 50, seu filho.
Natural de Itapira (a 164 km de São Paulo), Benedicto fez de tudo um pouco: trabalhou na empresa alimentícia Visconti, como motorista de uma galeria de arte e em uma empresa de plásticos. Nos períodos em dificuldade por causa do desemprego vendeu velas e enciclopédias.
Entre as habilidades, driblava o trânsito como ninguém. “Ele conhecia todas as ruas de São Paulo e sabia os melhores caminhos para chegar rapidamente em qualquer lugar”, conta Valmir.
São paulino fanático, Benedicto deu o nome de Mauro ao irmão mais novo. “Mauro Ramos de Oliveira foi o capitão da seleção brasileira campeã mundial de 1962 e jogador do São Paulo”, explica Valmir.
Apaixonado por futebol, Benedicto foi um dos fundadores do Flor de São João Clímaco, na zona sul da capital paulista. O time de várzea jogava nos campos do bairro, transformados na comunidade de Heliópolis.
Aos netos era o avô da farra e da guerra de almofadas; para demais familiares e amigos, o contador de piadas e de alegria contagiante.
Ao lado de Margarida da Conceição Aparecida Storti ficou 51 anos casado —54 se acrescido o tempo de namoro e noivado.
Paizão, sempre cuidou dos filhos e nunca deixou faltar nada em casa. Para dar conselhos a eles utilizava duas técnicas: bom humor e futebol. “Quer jogar bola tem que saber chutar com os dois pés, mas um de cada vez para não cair”, ensinava.
“Meu pai me ensinou a trabalhar com afinco, nunca desistir das coisas, acreditar no que se quer e perseverar”, afirma Valmir.
Benedicto morreu dia 12 de agosto, aos 80 anos, após sofrer três paradas cardíacas. Deixa a esposa, dois filhos e três netos.
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