Congonhas terá área internacional pronta para operar até fim do ano

Voo a outros países será restrito à aviação executiva; novidade faz parte de reformas às vésperas da concessão do aeroporto

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São Paulo

A área internacional do aeroporto de Congonhas, localizado na zona sul de São Paulo, está prevista para operar até o fim deste ano. Os voos para outros países, porém, serão restritos à aviação executiva.

O novo hangar faz parte de uma série de reformas feitas pela Infraero às vésperas da concessão do aeroporto, prevista pelo governo federal para ser finalizada no primeiro semestre de 2022.

Estruturas de metal são instaladas na cabeceira das pistas em Congonhas
Estruturas de metal são instaladas na cabeceira das pistas em Congonhas - Divulgação/Infraero

A área internacional é uma demanda antiga dos passageiros, segundo João Márcio Jordão, superintendente do aeroporto de Congonhas. Para inaugurá-la, é preciso ainda obter a homologação da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), da Polícia Federal e do Ministério da Agricultura.

Os pousos e decolagens para outros países não irão alterar o horário de funcionamento do aeroporto, que continua a operar das 6h às 23h diariamente.

Além da internacionalização, a série de melhorias em Congonhas inclui um novo sistema de segurança para evitar que aviões avancem para além dos limites da pista e provoquem acidentes graves, como o do voo 3054 da TAM, em julho de 2007, que deixou 199 mortos.

Na tragédia, o piloto não conseguiu parar na pista após o pouso, arremeteu e bateu de frente no prédio da companhia área na avenida Washington Luís.

O novo sistema é chamado de Emas (Engineered Material Arresting System, Sistema de Desaceleração com Materiais Projetados, na tradução para o português) e consiste em blocos de concreto poroso instalados sobre estruturas metálicas na extensão das duas cabeceiras da pista.

Devido à consistência do material, o trem do pouso do avião "afunda" quando entra em contato com os blocos, que absorvem a aceleração até a frenagem da aeronave. As obras custaram R$ 122,5 milhões e foram pagas via licitação contratada pela Infraero.

Iniciada em fevereiro, a instalação tem previsão de ser entregue em março de 2022. O sistema de segurança é importado da Suíça e usado em aeroportos com o mesmo problema de escassez de área de escape em Boston e Chicago, nos Estados Unidos, além de Taipei, em Taiwan, e no aeroporto de Barajas, em Madri, na Espanha.

Questionado sobre a demora de mais de uma década desde o acidente com o Airbus da TAM para uma solução definitiva para a segurança da pista de Congonhas, o superintendente do aeroporto disse que foi necessário esperar pelo desenvolvimento da tecnologia certa.

"As aeronaves mudaram muito tecnologicamente ao longo do tempo", disse.

O superintendente afirma que o aeroporto sempre foi seguro e opera de acordo com os requisitos estipulados pela Anac (Agência Nacional de Aviação Civil). "Estamos investindo cada vez mais em segurança, independentemente da concessão", disse.

​No ano passado, a pista de Congonhas recebeu uma reforma no asfalto com a instalação nas cabeceiras do chamado grooving, sistema de drenagem de água que melhora a aderência dos pneus das aeronaves no pavimento.

Logo após o acidente com o Airbus da TAM, a então diretora da Anac, Denise Abreu, perdeu o cargo ao ser acusada pelo Ministério Público Federal em São Paulo de ter colocado a operação de Congonhas em risco por ter liberado a pista recém-reformada sem o grooving.

Outras melhorias recentes no aeroporto incluíram a instalação de iluminação led no balizamento da pista, reforma da fachada e de parte das esquadrias, ampliação da sala de embarque e instalação de catracas com leitura eletrônica dos cartões de embarque.

O sistema de segurança passou de 200 para 470 câmeras, e o pátio das aeronaves também foi reformulado.

Congonhas está entre os últimos 16 aeroportos administrados pela Infraero que serão concedidos à iniciativa privada. O Santos Dumont, no Rio de Janeiro, também está neste pacote a ser negociado.

O edital de privatização dos 16 aeroportos foi aprovado pela Anac no fim de setembro e, agora, está em fase de análise nas audiências públicas.

As negociações serão feitas em blocos. Congonhas está no grupo com o Campo de Marte, localizado na zona norte de São Paulo, e mais três aeroportos em Mato Grosso do Sul e outros quatro no Pará.

Em 2017, o então ministro dos Transportes, Portos e Aviação Civil, Maurício Quintella, apresentou um estudo contrário à privatização de Congonhas sob risco de, com a perda da receita do aeroporto em São Paulo, inviabilizar toda a operação da Infraero.

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