Descrição de chapéu Obituário Renata Montanari Rodrigues Yamamura (1962 - 2021)

Mortes: Abriu espaço para a mulher na música instrumental brasileira

Rê Montanari morreu por complicações de um câncer, aos 59 anos

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São Paulo

"Geralmente, as pessoas sempre reclamam de alguma coisa, mas ela [Renata Montanari] não. Era muito otimista e positiva, dedicada à família e ao trabalho", afirma a prima Cristina Azuma, que é violonista e professora de uma universidade em Paris.

Violonista, guitarrista e compositora, Rê Montanari, como a chamavam, foi professora de violão e harmonia na Escola de Música do Estado de São Paulo Tom Jobim, onde coordenou o departamento de Cordas Dedilhadas. Lá, era adorada por alunos, pais e funcionários. "O tipo de pessoa que não deveria partir", diz Cristina.

Rê Montanari integrou o grupo Kali, constituído apenas por mulheres —na época, tocava guitarra elétrica, segundo Cristina—, com importante atuação no cenário da música instrumental. Pelo selo Som da Gente, gravou o álbum "Kali".

Renata Montanari Rodrigues Yamamura (1962-2021)
Renata Montanari Rodrigues Yamamura (1962-2021) - Re Montanari estúdio

A musicista também participou da banda Altas Horas, do programa de Serginho Groisman (Rede Globo), foi uma das fundadoras e integrante da Jazzmin’s Big Band, grupo de jazz formado por 17 mulheres, vencedor do prêmio Profissionais da Música 2019. Em 2021, a banda lançou o álbum "Quando eu te vejo".

A violonista se apresentou e gravou ao lado de grandes artistas como Oswaldinho do Acordeon, Léa Freire e Bocato. Na Avon Women Orchestra tocou com Nana Caymmi, Leila Pinheiro, Daniela Mercury, Diana King, Zélia Duncan, Paula Lima, Marina Machado, Vanessa da Mata, Margareth Menezes, Rita Lee e Milton Nascimento.

Renata estava casada com o compositor e guitarrista Rui Saleme, com quem tinha uma escola de música. Tocou ao lado do marido no Trio D’Alma.

"Uma pioneira. Ela abriu espaço para a mulher na música instrumental brasileira. Tem um grupo chamado Mulheres Violonistas, criado o ano passado, no qual foi muito ativa. Ela conseguiu ter espaço, ser competente e respeitada num mundo que ainda é bem masculino, além de ser mãe, mulher e professora. Perfeita em tudo. É de tirar o chapéu. Ela foi instigadora do jazz brasileiro. A música instrumental perde uma das figuras mais importantes", afirma Cristina.

Segundo a pianista e compositora Lis de Carvalho, uma amiga, Rê havia iniciado a gravação de um novo disco.

Em 2014, lançou o CD solo "Entre o Som e o Silêncio", com temas autorais e composições de artistas consagrados como Milton Nascimento, entre outros.

"Dedicada e talentosa, ela deixa uma lacuna imensa. Será difícil não tê-la mais conosco. Vamos sentir muita falta da sua sensibilidade e dedicação. O meio musical de São Paulo também. Ela era professora excepcional e compositora incrível", ressalta Lis.

Rê Montanari morreu dia 2 de novembro, aos 59 anos, por complicações de um câncer. Deixa o marido e duas filhas.

coluna.obituario@grupofolha.com.br

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