Mortes: Historiador e escritor, descreveu a Bahia com simplicidade

Cid Teixeira foi professor e trabalhou em diversos jornais do estado

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Salvador

"Você, quando mostrar ao turista o Porto da Barra, mostre o sol, mostre a praia, mas não esqueça de mostrar aquele painel de azulejo que assinala o ponto de chegada dos homens que vieram fundar a cidade do Salvador".

A voz inconfundível sob timbre grave que dá o recado na abertura do documentário "Toponímia da Cidade do Salvador" é de Cid José Teixeira Cavalcante, que morreu na terça-feira (21), aos 97 anos, enquanto dormia em sua casa na capital baiana.

Cid Teixeira era advogado formado pela UFBA (Universidade Federal da Bahia), mas nunca exerceu a profissão. Ficou mais conhecido como um historiador que adotava linguagem simples para narrar fatos sobre a Bahia.

Cid José Teixeira Cavalcante (1924-2021)
Cid José Teixeira Cavalcante (1924-2021) - Arquivo pessoal

Como escritor, publicou "A Bahia em Tempo de Província", "Nordeste Histórico e Monumental", "Salvador: História Visual", dentre outros. A produção acadêmica lhe rendeu, em 1993, a cadeira 19 na Academia de Letras da Bahia.

"Era uma pessoa muito bonita, simpática, bem-humorada, com aquele vozeirão, que sempre recorria a novos ângulos sobre a história da Bahia, sobretudo quando consultado por jornalistas", diz Ordep Serra, que hoje preside a entidade . "Vai fazer uma falta imensa para toda a sociedade baiana", acrescenta.

Além de autor, Teixeira também foi personagem citado no livro "Retratos da Bahia", no qual o etnólogo e fotógrafo francês Pierre Verger contou que "um companheiro de viagem revelava os mistérios das cidades alta e baixa", a bordo de um navio do Rio de Janeiro a Salvador, em 1946.

Foi também professor no Colégio Salvador e na Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da UFBA.

Atuou ainda no Diário da Bahia, no Jornal A Tarde, foi editorialista do Jornal da Bahia, redator-chefe da Tribuna da Bahia, além de lançar o programa "Pergunte ao José" na rádio Cruzeiro da Bahia, no qual respondia dúvidas dos ouvintes sobre a história local.

Por causa de todas as contribuições ao longo da vida, foi condecorado com a Medalha Thomé de Souza, em 1992, maior honraria da Câmara Municipal de Salvador.

Em 2017, foi tema do documentário "Cid Teixeira – Enciclopédia da Bahia", sob direção de Roberto Gaguinho.

Nos últimos anos, afastou-se das atividades públicas depois de ter ficado com sequelas provocadas por uma queda. Também foi diagnosticado com Alzheimer, doença que afetou um dos bens mais preciosos que tinha: a memória.

Cid Teixeira nasceu em 11 de novembro de 1924, na Ilha de Maré, região insular da capital baiana, como o mais velho dos cinco filhos de Cidália e José Teixeira.

Morreu na companhia da biblioteca com cerca de 14 mil exemplares, além de 15 mil vinis. Viúvo, deixou um filho e três netos.

coluna.obituario@grupofolha.com.br

Veja os anúncios de mortes

Veja os anúncios de missa

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.