Prefeituras de SP vetam Carnaval de rua, mas permitem em clubes e bares

Apenas eventos que geram gastos aos cofres públicos foram suspensos

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Ribeirão Preto

Prefeituras do interior e do litoral de São Paulo anunciaram nos últimos dias o cancelamento em massa de atividades carnavalescas em 2022 devido ao temor de uma nova onda de contágio da Covid-19, ainda mais com a descoberta da variante ômicron. Em muitas das cidades, porém, os vetos se restringem somente à esfera pública.

Isso significa que desfiles de escolas de samba, shows musicais ou outras atividades que envolvam gastos aos cofres públicos no Carnaval estão suspensos, mas empresas, restaurantes, bares ou clubes interessados em oferecer atrações aos foliões poderão realizar eventos.

Imagem mostra a movimentação de foliões no centro de São Luiz do Paraitinga (SP)
Movimentação de foliões no centro de São Luiz do Paraitinga (SP), uma das cidades que não realizarão o Carnaval de rua em 2022 - Luciano Coca-7.fev.2016/Folhapress

Mais de 50 cidades do interior e do litoral paulistas anunciaram desde a última semana o cancelamento das comemorações carnavalescas, inclusive municípios sem casos do coronavírus, nem mesmo suspeitos, há muitas semanas.

Entre as alegações para a suspensão, além do temor de uma nova onda da doença, estão a ausência de recursos financeiros para bancar a folia, a falta de tempo hábil para contratar a estrutura necessária e cancelamentos em conjunto com outras cidades para tentar evitar migração de foliões.

Segundo as administrações, os eventos privados deverão seguir as recomendações sanitárias vigentes no período em que forem realizados.

No Alto Tietê, uma decisão conjunta de dez prefeituras (Arujá, Biritiba Mirim, Ferraz de Vasconcelos, Guararema, Mogi das Cruzes, Poá, Salesópolis, Santa Branca, Santa Isabel e Suzano) suspendeu atividades promovidas por elas, mas festas em clubes e salões privados poderão ocorrer seguindo normas de segurança e sob responsabilidade dos organizadores.

Segundo o Condemat (Consórcio de Desenvolvimento dos Municípios do Alto Tietê), o objetivo da suspensão é manter controlados os indicadores da pandemia.

"Os bailes em salões privados serão de responsabilidade dos organizadores e deverão seguir as normas de segurança e as orientações das vigilâncias sanitárias de cada município. A decisão acompanha o que já foi anunciado em outras regiões do estado e cada município fará o anúncio oficial", diz o Condemat.

Segundo o comitê, na última quarta-feira (24) os prefeitos avaliaram o investimento necessário para a festa e o cenário de controle da pandemia. Ou seja, pesou também na conta o gasto com o Carnaval, embora as administrações afirmem que o controle da Covid-19 é o principal motivo.

É o que ocorre, por exemplo, em Sorocaba, uma das primeiras cidades a anunciar a suspensão do uso de recursos públicos para os festejos carnavalescos.

O prefeito Rodrigo Manga (Republicanos) afirma que a decisão não se deve a alguma contrariedade com o Carnaval, mas sim para dar prioridade a setores como saúde, educação e segurança.

"Importante esclarecer que não se trata de uma medida contrária à realização do Carnaval no município. As ações dessa importante festa popular brasileira poderão ocorrer normalmente na cidade, desde que realizadas por meio de parcerias com a iniciativa privada ou recursos próprios, por exemplo", diz trecho de comunicado da prefeitura sobre a suspensão.

Estância turística, Batatais também não terá eventos carnavalescos tradicionais, como o desfile de suas escolas de samba, nem nenhuma outra atividade em espaços públicos.

O desfile local, incluindo gastos estruturais e verbas às agremiações que desfilam, custa cerca de R$ 1 milhão por Carnaval.

O prefeito Juninho Gaspar (PP) liberou eventos em locais privados. Ao anunciar o cancelamento das atividades públicas, ele, que preside a região metropolitana de Ribeirão Preto, destacou a alta de casos da Covid-19 em países europeus e a necessidade de ampliar a vacinação, entre outros fatores, como motivos para o veto.

Ainda segundo ele, uma nota de apoio a todos os municípios da região que tomaram a decisão seria distribuída junto com seu vice, o prefeito de Serrana, Léo Capitelli (MDB). O cancelamento gerou queixas da Uesb (União das Escolas de Samba do Brasil).

Em Franca, a prefeitura anunciou que não realizará eventos de Carnaval em 2022 na região do Parque Fernando Costa, que anualmente abriga os desfiles das escolas de samba, para priorizar o uso de recursos para a saúde.

O prefeito Alexandre Ferreira (MDB) afirmou, no anúncio da suspensão, que respeita a tradição e a comunidade carnavalesca, mas que é preciso ter cautela.

"Como é uma decisão pensando na saúde pública, vamos priorizar os recursos que seriam utilizados no Carnaval para as ações na saúde", disse o prefeito.

Na última sexta (26), questionada pela Folha, a prefeitura informou que a decisão de Alexandre é exclusiva para eventos públicos, "realizados com recursos municipais".

O cenário não é exclusivo das cidades do interior de São Paulo. Em Poços de Caldas (MG), por exemplo, a prefeitura também anunciou a suspensão de eventos organizados por ela, mas liberou festas particulares em locais como clubes, bares ou restaurantes.

As regras para o funcionamento desses locais deverão ser divulgadas nas próximas semanas pela prefeitura.


CIDADES PAULISTAS QUE CANCELARAM O CARNAVAL

  1. Altinópolis
  2. Barrinha
  3. Borborema
  4. Botucatu
  5. Brodowski
  6. Cabreúva
  7. Caçapava
  8. Caconde
  9. Cajuru
  10. Cássia dos Coqueiros
  11. Cunha
  12. Descalvado
  13. Dobrada
  14. Dumont
  15. Franca
  16. Guariba
  17. Iacanga
  18. Ibitinga
  19. Itápolis
  20. Itupeva
  21. Jaboticabal
  22. Jarinu
  23. Jundiaí
  24. Lins
  25. Louveira
  26. Mogi das Cruzes
  27. Monte Alto
  28. Monteiro Lobato
  29. Natividade da Serra
  30. Orlândia
  31. Paraibuna
  32. Pitangueiras
  33. Pradópolis
  34. Poá
  35. Potirendaba
  36. Roseira
  37. Sales Oliveira
  38. Salesópolis
  39. Santa Cruz da Esperança
  40. Santa Ernestina
  41. Santa Isabel
  42. Santa Rosa do Viterbo
  43. Santo Antônio da Alegria
  44. Santo Antônio do Pinhal
  45. São Bento do Sapucaí
  46. São Joaquim da Barra
  47. São Luiz do Paraitinga
  48. São Simão
  49. Sarapuí
  50. Sorocaba
  51. Suzano
  52. Taquaritinga
  53. Taubaté
  54. Ubatuba
  55. Urupês
  56. Valinhos
  57. Várzea Paulista
  58. Vinhedo ​

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