Descrição de chapéu Folhajus

Engenheiros acusados por desabamento de prédio no centro de SP são absolvidos

Coordenadores de movimentos por moradia ainda enfrentam acusações sobre tragédia no largo do Paissandu

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

São Paulo

O TJSP (Tribunal de Justiça de São Paulo) absolveu sumariamente os três engenheiros da Prefeitura de São Paulo acusados de omissão nos laudos de vistoria de prédio que pegou fogo e desabou no largo do Paissandu, no centro da capital paulista, em 2018.

A tragédia, na madrugada de 1º de maio daquele ano, deixou sete mortos e dois desaparecidos. O edifício Wilton Paes de Almeida estava ocupado por um grupo sem-teto.

Na decisão, foram inocentados Álvaro de Godoy Filho —engenheiro da supervisão técnica de fiscalização da coordenadoria de Planejamento e Desenvolvimento Urbano da Prefeitura Regional da Sé—, Silvio Tadeu Vuoto e Ormelino José Cardoso Lopes —os dois últimos são engenheiros da Secretaria Municipal de Urbanismo e Licenciamento de São Paulo.

Ruínas de prédio vistas do alto; bombeiros andam pelos escombros
Escombros do edifício Wilton Paes de Almeida, que desabou após incêndio no largo do Paissandu, no centro de São Paulo - Danilo Verpa - 8.mai.2018/Folhapress

Vuoto e Lopes foram acusados com base em um laudo que assinaram constatando irregularidades no prédio, mas sem propor interdições. Já Godoy Filho recebeu a acusação pois declarou, em documentos assinados, que "não verificamos anomalias (...) que impliquem em risco à estabilidade da edificação".

A denúncia também acusou os coordenadores do MSLM (Movimento Social de Luta por Moradia) Ananias Pereira dos Santos, Hamilton Coelho Resende e Nireudes de Jesus Oliveira.

Os ativistas, porém, não foram inocentados. Segundo a juíza Margot Chrysostomo Corrêa, ainda há justificativa para a acusação e não há elementos suficientes para a absolvição sumária desses.

Para justificar a absolvição dos engenheiros, a juíza afirma que a interdição do prédio é atribuição da Defesa Civil ou mesmo do Ministério Público, e que o laudo elaborado pelos profissionais da Secretaria Municipal de Urbanismo deixava claro que o imóvel não atendia a condições mínimas de segurança contra incêndio.

Além disso, a magistrada lembra que Godoy Filho mostrou que, do ponto de vista estrutural, o imóvel não apresentava riscos.

"Ou seja, o prédio ruiu por conta do incêndio e não porque apresentava anomalias antes do evento trágico", diz a decisão.

A denúncia dos três engenheiros e dos líderes do movimento ocorreu em 2019, quando a promotoria declarou que os coordenadores da ocupação "expuseram a perigo a vida, a integridade física e o patrimônio de outras pessoas ao cobrar e receber contribuições financeiras das vítimas e demais moradores do local".

Os moradores pagavam taxas mensais, de cerca de R$ 200, que deveriam ser usadas em reparos e obras de manutenção, mas as melhorias não foram feitas, diz o órgão.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.