Mortes: Fez história no futebol brasileiro

Leonardo Conceição Cardoso foi imortalizado na história como Nadinho

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Salvador

Em 1959, o favorito para levar a Taça Brasil —nome da primeira edição do Campeonato Brasileiro— era o todo-poderoso Santos, com Pelé, Coutinho e Pepe no ataque. Mas na meta contrária, do Bahia, estava Leonardo Conceição Cardoso, imortalizado na história como Nadinho.

Torcedor do Vitória, arquirrival do tricolor baiano, ele fez parte do time que venceu o primeiro título baiano profissional da equipe rubro-negra, em 1953, após jejum de 44 anos. Na sequência, foi transferido para o Bangu, do Rio de Janeiro, onde permaneceu até 1957.

Com saudades de Salvador, tomou a decisão que mudaria sua vida, bem como a história do Bahia. Em 1958, assinou contrato com o tricolor, no qual alcançou o posto de maior goleiro de sua história, com 421 jogos disputados, 177 dos quais não teve a meta vazada, em 12 temporadas.

Imagem em close mostra o rosto de homem idoso
Leonardo Conceição Cardoso (1930-2022) - Arquivo pessoal

Em 10 de dezembro de 1959, na primeira das três partidas pelas finais da Taça Brasil, viu Pelé abrir o placar aos 15 minutos do primeiro tempo, na Vila Belmiro, em Santos. O jogo seguiu parelho até os 89 minutos da segunda etapa, quando Alencar desempatou o placar em 3 a 2 para o Bahia.

A segunda partida ocorreu em 30 de dezembro, na Fonte Nova, em Salvador, onde já estava programada uma festa antecipada de Réveillon. Mas o Santos jogou um balde de água fria na torcida, após Coutinho e Pelé superarem Nadinho. Final: 2 a 0 para o clube paulista.

Na partida derradeira, em 29 de março de 1960, no Maracanã, no Rio, Coutinho novamente vazou Nadinho. Parou por aí. Nadinho fechou a meta tricolor, e o Bahia se sagrou campeão por 3 a 1. O título também o levou a ser o primeiro goleiro brasileiro na estreia da Copa Libertadores, em 1960.

"O Santos pensava que ia ganhar do Bahia tranquilamente, quando o negócio foi diferente. Eles encontraram um time de peso pela frente", declarou, certa feita. "Quando deixei o Bahia para voltar ao Vitória, pensei que seria vaiado, mas a torcida do Bahia toda me aplaudiu de pé."

Pesquisador do futebol, o jornalista Paulo Leandro esteve com Nadinho em várias oportunidades. Em uma delas, assistiu à última final do segundo título brasileiro do Bahia, com a família do ex-arqueiro, na antiga casa da travessa Xangô, em Itapuã, em 1988.

"Nadinho era uma pessoa muito educada, muito dócil. Falava tão baixo, isso quando falava, que era difícil de escutar", recordou Leandro. "Sempre teve um jeito caladão, tranquilo. Dava muito trabalho para conseguir uma declaração dele, porque não era de falar", lembra, aos risos.

Depois do futebol, Nadinho empenhou-se em defender os direitos dos trabalhadores no escritório de advocacia que mantinha no centro histórico de Salvador. Amava Tereza, com quem teve os filhos Lúcio e Leonardo. Também tinha dois netos.

Nos últimos anos, diagnosticado com a doença de Alzheimer, residia em uma casa de repouso para idosos. Nasceu na cidade baiana de Alagoinhas, em 24 de agosto de 1930, e morreu na última quinta-feira (20), aos 91 anos, em decorrência de parada cardiorrespiratória provocada pela Covid-19.

​​coluna.obituario@grupofolha.com.br

Veja os anúncios de mortes

Veja os anúncios de missa

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.