Descrição de chapéu Tragédia em Capitólio

População de Capitólio (MG) chega a quadruplicar em feriados

Ambientalistas e urbanistas apontam crescimento desordenado e turismo predatório em cidade onde ocorreram mortes

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São Paulo

Com cerca de 8.700 habitantes, o município de Capitólio (MG) chega a receber 5.000 turistas em fins de semana e até 30 mil em feriados, e enfrenta críticas de ambientalistas pelo turismo predatório.

Um dos maiores atrativos da cidade é o lago de Furnas, conhecido como o Mar de Minas. Com cânions formados por paredões de mais de 20 metros, como o que desabou neste sábado (8), a região recebe intenso o fluxo de lanchas nos fins de semana.

Barcos com turistas fazem passeio em canyon no lago de Furnas, no município de Capitólio (MG) - Joel Silva - 03.out,2021/Folhapress

Há três anos estive em Capitólio e pude observar de perto a pouca estrutura e a fiscalização precária do município para receber a quantidade de turistas que vão ao local, especialmente nos feriados prolongados.

Foi chocante observar também a falta consciência ambiental de muitos visitantes, que descartavam lixo às margens da represa e no caminho das cachoeiras.

No lago, muitas lanchas circulavam com excesso de passageiros, muitos dos quais sem colete salva-vidas. A represa chega a ter 70 metros de profundidade em alguns trechos.

Outros pontos turísticos, como a ponte do rio Turvo e o mirante dos cânions, também retratavam sinais de um turismo desordenado.

Com área de estacionamento bem reduzida, os veículos costumavam parar no acostamento da MG-050. O estreito espaço da rodovia era disputado por pessoas a pé e pelo intenso tráfego de veículos, alguns na contramão.

No caminho até a entrada do mirante, havia várias barracas de ambulantes e um rastro de garrafas plásticas, bitucas de cigarro e papel. À beira do penhasco, onde muitas pessoas sobem para selfies, nenhum aviso de perigo.

A partir de 2019, a Prefeitura de Capitólio passou a dizer que aumentou a fiscalização do local, especialmente em relação aos ambulantes. Atualmente, os comerciantes dizem que há mais segurança e qualidade na estrutura turística.

A situação do município, que tem 60% da economia baseada no turismo, já foi tema de um estudo sobre a intensa especulação imobiliária na região, com a crescente transformação de áreas rurais em urbanas, para a criação de loteamentos destinados ao fluxo de turistas, e não aos seus habitantes.

Os autores do estudo, apresentado em um encontro de pesquisadores em planejamento urbano, em Natal (RN), dizem que o município de Capitólio está sob alerta e que precisa criar instrumentos para que o crescimento não seja nocivo, e sim inclusivo, ambientalmente sustentável e socialmente justo.

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