Descrição de chapéu Obituário Parouhi Darakjian Kouyoumdjian (1920 - 2022)

Mortes: Aos 101 anos manteve vivas as tradições armênias

Segundo um dos filhos, Parouhi Darakjian Kouyoumdjian era a mais antiga refugiada armênia em São José do Rio Preto

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

São Paulo

Simpática, acolhedora e boa conselheira, para os armênios, Parouhi era uma Mayrig —mulher forte que encarava os desafios impostos pela vida.

Por trás dos 101 anos, Parouhi Darakjian Kouyoumdjian carregava as tradições e uma história digna de um filme.

"Poucos sabiam que esta mulher —a mais antiga refugiada armênia em São José do Rio Preto [a 438 km da capital paulista]— foi uma guerreira", afirma João Aris Kouyoumdjian, 68, um dos filhos —ele é médico e professor adjunto do Departamento de Ciências Neurológicas da Faculdade Estadual de Medicina de São José do Rio Preto.

Parouhi Darakjian Kouyoumdjian (1920-2022)
Parouhi Darakjian Kouyoumdjian (1920-2022) - Arquivo pessoal

Natural de Marash, numa região na época chamada de Armênia turca, Parouhi nasceu durante a fuga da família para Aleppo, na Síria.

Em setembro de 1926, junto com os pais e as irmãs, chegou ao Brasil de navio, pelo porto de Santos (a 72 km de São Paulo). De lá vieram para a capital paulista, onde moraram em cortiços no centro e se alimentavam com pão amanhecido e banana. Não havia dinheiro e nem trabalho. Os banhos eram semanais, sempre frios e de bacia.

Dois anos depois, todos se mudaram para Mirassol (a 452 km da capital paulista).

Em 1939, Parouhi casou-se com um marido arranjado pela família, Aris Kouyoumdjian. "Eles se estabeleceram em São José do Rio Preto, onde a comunidade armênia era grande", conta
João Aris.

Parouhi era religiosa e cristã, assim como todo o seu povo. Cultivava como valores a família, os costumes e as tradições armênias.

Mulher de fé e bons conselhos, Parouhi estendia as mãos e emprestava aos familiares um pouco de sua sabedoria de vida quando solicitada. Foi conselheira da família até a morte.

Comidas e iguarias tipicamente armênias desfilavam pela sua cozinha quase diariamente, tudo preparado com amor e dedicação. Ninguém resistia ao seu basturmá, tipo de carne seca e bem temperada.

Viveu lúcida até os últimos seis meses. O fato de ter superado Covid e dengue ao mesmo tempo e com mais de 100 anos chamou a atenção da bióloga molecular e geneticista Mayana Zatz, que estudou pessoas acima dessa idade que se recuperaram da doença causada pelo coronavírus.

Parouhi morreu no dia 6 de fevereiro, aos 101 anos, de septicemia em decorrência de um problema de circulação nas pernas.

Viúva, deixa cinco filhos, nove netos e 13 bisnetos espalhados por Brasil, Estados Unidos, Suíça, França, Inglaterra e África do Sul.

​​coluna.obituario@grupofolha.com.br

Veja os anúncios de mortes

Veja os anúncios de missa

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.