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USP deve ter banca de identificação racial no próximo vestibular, diz novo reitor

Mudança na verificação da autodeclaração acontece após a expulsão de seis fraudadores em 2021

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São Paulo

O reitor da USP (Universidade de São Paulo), Carlos Gilberto Carlotti Junior, disse nesta terça (22) que deve implantar um sistema de banca de heteroidentificação racial para evitar fraudes.

Assim, um grupo de pessoas deve ser responsável por conferir a autenticidade da autodeclaração racial dada pelos alunos que ingressam na universidade por meio do sistema de cotas.

Carlotti disse que para o vestibular de 2021-2022 não há mais tempo hábil para a criação da banca, mas que deve passar a valer no vestibular de 2022-2023. "A USP usa como sistema de identificação a autodeclaração, mas vimos que isso não é suficiente e nos deparamos com algumas atitudes incorretas [fraude]. Durante esse ano vamos discutir isso [bancas de identificação]."

A USP adotou seu sistema de cotas atual em 2017. "Estamos formando os primeiros cotistas desse programa, os que ingressaram em 2018", disse.

Reitor da USP, Carlos Gilberto Carlotti - Cecília Bastos/USP

A criação da banca acontece após a expulsão de seis fraudadores em julho de 2021. Um ano antes, a Folha revelou o primeiro caso de expulsão da história da universidade.

À época, o estudante do curso de relações internacionais Braz Cardoso Neto, 20, alegou ser pardo, ter ascendência negra e ser de baixa renda, mas falhou em comprovar a declaração.

À comissão responsável pelo julgamento do caso, cujo processo demorou mais de um ano, o jovem enviou fotos de pessoas negras que alegou serem seus avós, mas não compartilhou com os membros do comitê dados que comprovassem parentesco. Além disso, a ascendência não é critério para inclusão na política de cotas da universidade, na qual pesa o fenótipo (aparência).

A decisão da comissão de expulsar o estudante foi unânime, e determinou ainda que ele não pudesse se matricular novamente na instituição pelo prazo de cinco anos corridos.

Em um levantamento feito pela Folha em 2020, pelo menos 163 estudantes foram expulsos de universidades federais desde 2017 por fraudes em cotas raciais.

As 26 universidades que compartilharam informações com a reportagem receberam 1.188 denúncias, que culminaram em 729 processos administrativos no período.

A campeã em número de expulsões, entre as instituições que responderam à reportagem na época, foi a UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), com 33 pessoas desmatriculadas. As expulsões são fruto de 44 denúncias, que se tornaram 44 processos administrativos individuais.

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