Descrição de chapéu Rio de Janeiro Folhajus

Designer de moda foi morta em Paraty por colega com quem morava, diz polícia

Ela foi encontrada no imóvel com as mãos amarradas e um saco na cabeça

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Rio de Janeiro

Uma investigação da Polícia Civil apontou que a designer de moda Thalissa Nunes Dourado, 27, foi morta por uma agente de turismo com quem dividia casa havia cerca de quatro meses no bairro Caborê, em Paraty, no sul do Rio de Janeiro.

Natural de São Paulo, a designer foi encontrada em novembro do ano passado já sem vida no imóvel com as mãos amarradas e um saco na cabeça. O exame de necropsia indicou que a causa da morte foi congestão pulmonar por asfixia​.

A designer Thalissa Nunes Dourado foi encontrada morta em novembro do ano passado em Paraty, no Rio de Janeiro - @thalissathalissa no Instagram

A polícia e o Ministério Público pediram a prisão temporária da suspeita, mas a juíza Leticia de Souza Branquinho negou o pedido, argumentando que faltam laudos e que a liberdade da suspeita não põe em risco as investigações.

Apesar disso, a juíza determinou a adoção de medidas cautelares contra a agente de turismo, que precisará se apresentar a cada 15 dias à Justiça e não poderá sair de Paraty. A magistrada determinou ainda a quebra de sigilo telefônico, informático e telemático da indiciada. A Folha não conseguiu localizar a defesa da suspeita.

Segundo Rafael Borges, advogado que representa a mãe da vítima, imagens de câmeras de segurança ajudaram a polícia a chegar à suspeita. "Havia duas câmeras voltadas para a casa em que as duas moravam. No momento em que ela foi assassinada, a polícia conseguiu concluir que a única pessoa que entra e sai da casa é a suspeita, mais ninguém."

Protesto
Ato em novembro do ano passado em protesto pelo assassinato da designer Thalissa Nunes Dourado, 27, em Paraty, no Rio de Janeiro - Patricia Harumi - 18.nov.21/Divulgação

De acordo com a investigação, foram analisadas cerca de 12 horas de filmagens. Nos registros, foi possível identificar Thalissa voltando para casa com um casal de amigos à 00h34. Nesse horário, a suspeita já estava no imóvel.

Os amigos da designer saem da residência à 1h15. Às 2h20, Thalissa sai de casa mais uma vez e volta às 3h12. Já às 6h15, a agente de turismo deixa o imóvel para pedalar, voltando às 9h37. Às 12h30, o Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) chega ao imóvel para recolher o corpo da designer.

Segundo a polícia, a agente de turismo é a principal suspeita porque ninguém entrou na casa durante o período que antecedeu o crime até a hora em que o Samu chegou ao local. Ainda de acordo com a investigação, ela seria a única pessoa que estava na casa quando Thalissa morreu.

Protesto
Ato em novembro do ano passado em protesto pelo assassinato da designer Thalissa Nunes Dourado, 27, em Paraty, no Rio de Janeiro - Marcelle Santos - 18.nov.21/Divulgação

O advogado Rafael Borges diz que a suspeita negou as acusações e afirmou que Thalissa teria, na verdade, se suicidado. "O laudo do IML descartou a hipótese de suicídio. O laudo diz que ela morreu por asfixia. Tendo a necropsia concluído que não foi suicídio, sobrou apenas a hipótese de ser ela [a autora do crime]."

Adriana Nunes Dourado, mãe da vítima, diz que vive à base de calmante desde que a filha morreu e que só espera por justiça. "Ela está vivendo livremente. Quem está presa sou eu. Só saio quando preciso ir à delegacia ou ao Ministério Público", diz ela.

"Eu dependo de pessoas para ir ao supermercado, à farmácia. Fico enclausurada, sem ver a luz do dia, há cinco meses", diz Adriana, acrescentando que teme encontrar a suspeita nas ruas de Paraty. "Mesmo que ela seja presa, nada vai amenizar a minha dor. Minha vida acabou, mas espero que a Justiça seja feita."

A morte de Thalissa gerou grande comoção em Paraty, cidade que tem pouco mais de 44 mil habitantes e que teve, nos últimos anos, outros casos de violência contra a mulher.

Em julho de 2021, Juliana Carlos Santos, 25, foi queimada, esquartejada e enterrada numa praia isolada da região. Meses antes, duas mulheres sofreram tentativa de estupro e homicídio na turística praia do Sono.

Em 2020, a cidade foi cenário de dois crimes bárbaros que chocaram a população. Em janeiro, Dara Cristina de Almeida Santos Souza, 25, teve a casa incendiada pelo namorado. Ela escapou com vida, mas seus filhos, três crianças de quatro, cinco e sete anos, morreram no incêndio.

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