Agente da Fundação Casa está em coma após ser espancado por internos

Agressão ocorreu no Complexo Raposo Tavares, na zona oeste de São Paulo

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

São Paulo

Um agente da Fundação Casa está internado em coma induzido no Hospital das Clínicas de São Paulo, segundo a família, após ter sido espancado. A agressão ocorreu em uma unidade do Complexo Raposo Tavares, na zona oeste da capital paulista, na tarde da última segunda-feira (21).

Conforme registro de boletim de ocorrência, o agente de apoio socioeducativo, de 62 anos, recebeu chutes, socos e cusparadas, além de um golpe na região do pescoço, que o deixou inconsciente.

Mesmo ele estando desacordado e sangrando, as agressões só teriam parado depois da chegada de outros funcionários, o que teria demorado para ocorrer, também segundo a família da vítima.

Interno de unidade da Fundação Casa na cidade de São Paulo - Jardiel Carvalho - 31.jan.20/Folhapress

De acordo com a mulher da vítima, de 55 anos, o estado do marido é crítico e não há previsão de alta. À Folha, ela afirmou que ele está em coma induzido e intubado. Procurado, o Hospital das Clínicas disse não ter autorização para divulgar o estado de saúde do paciente.

A esposa da vítima afirmou ainda que seu marido está na instituição socioeducativa há 25 anos. Ela contou que não é a primeira agressão sofrida por ele, que teve ossos do rosto fraturados em uma outra confusão, há cerca de seis anos.

Em nota, a Fundação Casa, do governo João Doria (PSDB), disse que a Corregedoria Geral da instituição apura, por meio de sindicância, o movimento de indisciplina causado por um grupo no centro socioeducativo Nova Aroeira, no Complexo Raposo Tavares.

Segundo o documento elaborado pela Polícia Civil, sete jovens, entre os quais quatro com 18 anos, teriam participado das agressões. Ao menos outros três internos, que estavam na mesma sala, recusaram-se a agredir o homem e ficaram em um canto enquanto o funcionário apanhava.

Uma testemunha contou a polícia que, pouco antes do ataque, alguns internos teriam insistido em usar o banheiro novamente, comportamento considerado incomum.

Prevendo que algo estivesse sendo planejado, o agente de apoio resolveu vetar a nova ida ao banheiro, encaminhado o grupo até uma nova atividade na sala de TV e leitura.

No local, o agente teria discutido com um dos jovens de 18 anos, que desferiu um soco no rosto do funcionário, que caiu. Com a vítima no chão, de acordo com o depoimento, o mesmo interno passou a pisar no corpo do servidor.

A testemunha relatou que o agente implorava para que as agressões parassem. Um outro interno maior de idade teria, então, aplicado um mata-leão na vítima.

Com a vítima desmaiada, outros três internos se juntaram à dupla e passaram a pisar no corpo do funcionário. Um deles teria retirado um tênis do pé e batido com ele no rosto do homem.

Conforme a testemunha, a intenção do grupo era conseguir pegar uma lâmpada, quebrá-la e, com os cacos, matar o agente de apoio. Como a luminária não quebrou, eles passaram a usar o radiocomunicador do funcionário para continuar as agressões.

O agente ainda teria sido atingido com cusparadas e, mesmo desmaiado e sangrando, continuou a ser agredido com chutes no rosto e pisões na cabeça e na barriga, segundo o relato da testemunha.

Assim que um outro funcionário chegou, ele também passou a ser espancado. Em seu depoimento, o agente socioeducativo contou ter desmaiado, assim que recebeu os primeiros golpes, o que retardou ainda mais o pedido de socorro ao colega.

O jovem de 18 anos apontado como o autor do soco confirmou ter participado da confusão, mas disse à polícia ter apenas quebrado cadeiras, não agredindo os funcionários. Ele acrescentou ter sido "conivente num momento de emoção".

Um outro interno de 18 anos também confirmou ter participado da quebra de uma TV e de uma cadeira, porém negou participado das agressões. Os outros dois da mesma idade permaneceram em silêncio.

Os quatro suspeitos tiveram as prisões preventivas decretadas por homicídio qualificado tentado.

Os três adolescentes, dois com 17 anos e outro com 16, devem responder por ato infracional análogo ao crime de homicídio qualificado tentado. Dois deles negaram à polícia ter participado do ataque e um terceiro afirmou que foi pedir ajuda ao ver a agressão.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.