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Rio entra em estágio de mobilização por causa de greve e chuva

Paralisação de motoristas e cobradores acabou sendo cancelada após decisão da Justiça

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São Paulo e Rio de Janeiro

O Rio de Janeiro entrou em estágio de mobilização no início da madrugada desta terça-feira (29) devido à greve dos rodoviários que afeta a circulação das linhas de ônibus urbanos convencionais e do BRT (sigla em inglês para sistema de transporte com ônibus rápidos) e à previsão de chuva na cidade.

A paralisação, porém, foi cancelada ainda pela manhã, após decisão da Justiça.

O estágio de mobilização é o segundo nível em uma escala de cinco e significa que existem riscos de ocorrências de alto impacto, afetando a vida da população.

Em dia de greve no Rio, passageiros na Central do Brasil se queixavam de que não conseguiam chegar ao trabalho
Em dia de greve no Rio, passageiros na Central do Brasil se queixavam de que não conseguiam chegar ao trabalho - José Lucena/TheNews2/Agência O Globo

A decisão sobre a greve foi tomada na noite desta segunda-feira (28), em assembleia dos rodoviários. Eles pedem a recomposição salarial de acordo com a inflação acumulada desde 2019.

A Mobi Rio, atual responsável pelo BRT, disse que a Procuradoria-Geral do Município está tomando providências judiciais para garantir o funcionamento do transporte público na cidade. Na madrugada, o TRT (Tribunal Regional do Trabalho) concedeu liminar declarando que a paralisação é ilegal. Uma audiência de conciliação foi marcada para o dia 4 de abril.

"De acordo com o termo de conciliação celebrado em abril de 2018, os operadores dos consórcios têm a obrigação de garantir a operação de, no mínimo, 50% das linhas que deixem de circular, em até 24 horas, de forma a proporcionar a continuidade da prestação dos serviços", afirmou, em nota, a Mobi Rio.

Na manhã desta terça, o sindicato dos rodoviários decidiu suspender a greve, acatando a liminar da Justiça que determinou a interrupção da mobilização sob pena de R$ 200 mil por dia. A liminar atendeu a um pedido da Rio Ônibus, sindicato das empresas de ônibus do Rio.

Em nota, o sindicato dos rodoviários lamentou a decisão e disse que irá entrar com recurso para revertê-la.

"O SINTRUCAD-RIO espera reverter essa decisão com a mesma rapidez em que os patrões obtiveram a liminar e requererá novamente que o Tribunal aplique a lei e seus precedentes concedendo as reivindicações básicas aos rodoviários", disse a entidade.

Para a Rio Ônibus, há risco de agravamento da crise do setor. "Os diálogos entre consórcios operadores e representantes da classe são constantes, tendo sido justificada a impossibilidade de reajustes salariais no momento", disse em comunicado.

Segundo a Rio Ônibus, a tarifa congelada há três anos e os aumentos no preço do diesel impedem o reajuste dos salários dos motoristas e cobradores. "O setor aguarda soluções propostas à Prefeitura do Rio", diz.

Em razão da greve, a prefeitura recomendou o deslocamento por metrô, barcas, trens, VLT e transporte complementar (como vans) nesta terça. A operação nesses modais de transporte foi reforçada. A prefeitura pediu também que a população evite os horários de pico ou trabalhe em casa, nos casos em que isso é possível.

Em fevereiro, o prefeito Eduardo Paes (PSD) decretou a caducidade do contrato de concessão do sistema BRT, ou seja, extinguiu o contrato assinado em 2010 com a iniciativa privada. Dessa forma, a operação do serviço público de ônibus foi devolvida ao município.

"A ação foi motivada pelo descumprimento por parte dos concessionários de obrigações contratuais de prestação de um serviço de transporte público adequado", afirmou a prefeitura.

O serviço atende 248 mil pessoas por dia. Com a extinção do contrato, o BRT está sob intervenção da prefeitura e é gerido pela empresa pública Mobi Rio, criada por decreto em dezembro do ano passado.

Além da greve dos motoristas, os cariocas lidam com os efeitos da greve dos garis, movimento que foi deflagrado nesta segunda-feira (28) para reivindicar reajuste salarial.

Lixo espalhado pela rua
Com garis em greve, já é visto muito lixo acumulado na rua São Francisco Xavier, no bairro da Tijuca, na zona norte do Rio de Janeiro - José Lucena/TheNews2/Agência O Globo

O SIEMACO-RJ (Sindicato dos Empregados de Empresas de Asseio e Conservação do Rio) disse que a categoria está há três anos sem reajuste e que a Comlurb, companhia municipal de limpeza urbana, propôs aumentar de 4% para 5% a proposta de reajuste, o que o sindicato não aceitou. No entanto, a limpeza de serviços essenciais, como escolas e hospitais, está mantida.

Na próxima quinta-feira (31), deve haver uma nova audiência de negociação. Enquanto isso, o lixo vai se acumulando pelas ruas de regiões da Tijuca, na zona norte, e do Centro, onde sacos de lixo estão espalhados pela calçada.

Em nota, a Comlurb disse que montou um plano de contingência para amenizar as consequências da greve. "Os serviços essenciais da Companhia, portanto, devem ser mantidos em toda a cidade, conforme previsto na rotina. Atrasos pontuais inerentes à condição de greve estão sendo contornados pelas equipes operacionais."

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