Os habitantes e visitantes de Campo Grande, capital de Mato Grosso do Sul, finalmente poderão mergulhar no universo aquático do Pantanal —e de outros locais do Brasil e do mundo. Com quase uma década de atraso, o Bioparque Pantanal (antes conhecido como Aquário do Pantanal) será aberto para o público geral nesta segunda-feira (2).
A inauguração oficial aconteceu em 28 de março, mas, até agora, as visitas estavam limitadas a poucos grupos, como de escolas e universidades, exatamente para treinar equipes e preparar a estrutura para o funcionamento pleno.
O grande edifício foi desenhado por Ruy Ohtake, filho da artista Tomie Ohtake (1913-2015) e renomado idealizador de prédios da capital paulista. O arquiteto morreu em 2021.
A história do aquário até aqui foi marcada por um considerável atraso —a obra iniciada em 2011 deveria durar 900 dias, ou seja, cerca de dois anos e meio— e por diversas acusações de irregularidades. Elas chegaram a atingir até mesmo o ex-governador e agora pré-candidato ao governo do Mato Grosso do Sul André Puccinelli (MDB), que, inclusive, foi preso preventivamente.
Inicialmente, o aquário estava orçado em R$ 84,7 milhões. Acabou custando R$ 200 milhões aos cofres do estado, com aditivos contratuais e inclusão de itens que, segundo o MPF (Ministério Público Federal), "não passaram por licitação".
Os problemas e acusações levaram à paralisação das obras por anos. Elas só foram retomadas em 2019.
No meio dessa sequência de atrasos, milhares de animais, alguns deles ameaçados de extinção, que iriam habitar os novos tanques já haviam sido adquiridos e eram mantidos em aquários provisórios, aos cuidados de equipes de pesquisa que trabalhavam em busca de adaptação adequada para os bichos.
O tempo no lar provisório acabou usado para estudos de protocolos de manejo dos animais, com cuidados como alimentação, reprodução e comportamento.
No fim, os tanques provisórios se tornaram um local para o estudo de peixes, o laboratório de Ictiologia. Mesmo com a versão definitiva do aquário pronta, o espaço permanecerá em funcionamento com o auxílio do Imasul (Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul).
Agora finalizado, o Bioparque Pantanal já guarda surpresas: uma recém-descoberta —nos afluentes do rio Correntes, entre Mato Grosso e Mato Grosso do Sul— espécie de lambari, que ainda não foi descrita e, consequentemente, sem nome.
Com entrada gratuita até dezembro, o aquário funciona de segunda a sexta, das 7h30 às 11h30, e depois das 13h30 às 17:30, e aos sábados das 7h30 às 11h30.
Parece, porém, que nem todas as dificuldades ficaram para trás na história do aquário. Para a visitação, é necessário agendamento prévio pela internet, que foi aberto no dia 22 de abril. Pessoas que tentaram agendar, no entanto, encontraram dificuldades, segundo o próprio perfil do aquário em redes sociais. São diversas as reclamações na página do Bioparque Pantanal.
Em postagem do mesmo dia em que o agendamento começou, a conta oficial afirmou que a equipe técnica já estava dando suporte para solucionar o problema e pediu que a população tenha paciência.
Em uma postagem de sexta-feira (29), no perfil do aquário, o cantor Luan Santana aparece visitando o Bioparque. Um perfil da rede comentou: "Duvido que agendou pelo site".
Até sexta, a reportagem tentou verificar datas disponíveis para visitas e não conseguiu. Para as opções de visitação, constava a mensagem: "Agendas indisponíveis. Sem previsão de agenda para o tipo selecionado, no momento".
Comentários
Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.