Descrição de chapéu Alalaô

Desfile das escolas do grupo especial do Rio começa em clima de euforia

Foliões se dizem emocionados com a volta ao sambódromo

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Rio de Janeiro

Os olhares estão todos voltados para a avenida. Às 22h, quando o puxador anuncia a entrada da Imperatriz Leopoldinense, os foliões não escondem a euforia. Segurando bandeirinhas com as cores da escola —verde, branco e ouro—, eles dançam nas arquibancadas enquanto entoam o samba-enredo da agremiação.

Era esse o clima que dominava o sambódromo, no centro do Rio, após dois anos sem Carnaval, festa que se firmou como um dos símbolos da cultura carioca.

"Comemorar o Carnaval depois de dois anos é uma emoção muito grande. É uma vitória para a gente, porque pensávamos que nunca mais iríamos pular Carnaval", diz a aposentada Leni Leão, 62, que não escondeu a emoção por voltar a celebrar aquilo que ela chama de festa popular.

Integrante da Imperatriz Leopoldinense em desfile na Sapucaí, no Rio - Carl de Souza/AFP

"O Carnaval representa o povo mostrando o que está dentro do coração, exibindo alegria e o desejo de querer mais", diz ela, ostentando uma camisa do Salgueiro, a terceira escola a desfilar nesta sexta-feira (22). "O Rio de Janeiro sem Carnaval é tristeza."

A costureira Alba Cristina, 47, faz coro a essa opinião. "O Rio de Janeiro sem o Carnaval não é nada. É o Carnaval que alegra o pessoal. Sem Carnaval a cidade ficou morta." A reportagem encontrou a costureira segurando a fantasia que usará durante o desfile da Mangueira, escola da qual é seguidora desde criança.

"Não sei nem como explicar esse sentimento. É maravilhoso. Não sei como vou fazer para segurar a emoção na avenida. É uma alegria de estar vencendo a pandemia."

A escola que marcou essa retomada foi a Imperatriz Leopoldinense, primeira agremiação a desfilar. Para tentar romper o jejum de 21 anos sem levar um título no grupo especial, ela decidiu se voltar à própria história e prestar homenagem ao carnavalesco Arlindo Rodrigues.

Nome célebre do Carnaval carioca, ele foi um dos responsáveis pelo primeiro título da agremiação, em 1980, com o enredo ''O que é que a Bahia tem?''.

O último Carnaval de Arlindo na escola foi o de 1987, quando a Imperatriz levou para a Marquês o enredo Estrela Dalva, em homenagem à cantora Dalva de Oliveira. No mesmo ano, o carnavalesco faleceu.

No entanto, a herança que ele deixou ao Carnaval carioca ainda se faz presente. Falar de Arlindo é falar também sobre o Carnaval carioca. Ele foi o responsável, por exemplo, pela introdução dos espelhos em carros alegóricos, material pouco usado à época. Vindo do teatro, ele levou influência da dramaturgia ao Carnaval.

O desfile da Imperatriz tem a assinatura da respeitada carnavalesca Rosa Magalhães. Dos oito títulos que a escola ostenta, cinco aconteceram sob a batuta de Magalhães. O Carnaval deste ano marca a volta dela à escola após quase 11 anos em outras agremiações.

"A Imperatriz vai falar dela mesma. É uma revisita aos Carnavais de décadas passadas, quando o Arlindo foi o carnavalesco não só da Imperatriz, mas também da Mocidade e do Salgueiro", diz a carnavalesca.

"Ele foi nada verdade o primeiro carnavalesco dessa nova leva de carnavalescos profissionalizados, trabalhando no Carnaval com assiduidade. Ele ganhou muitas vezes e é muito reconhecido."

O desfile da Imperatriz foi dividido em cinco setores, cada um deles contou um capítulo da vida do carnavalesco –começando no período de formação no teatro até chegar ao auge de sua carreira como carnavalesco, durante os anos 1980.

A agremiação entrou na avenida às 22h, apresentando uma comissão de frente coreografada pelo bailarino Thiago Soares, ex-primeiro bailarino do Royal Ballet de Londres. Intitulada Trem das Lembranças, a comissão recria o trem que se tornou símbolo do desfile de 1981, no qual Rodrigues foi o carnavalesco.

"É muita emoção. Me sinto um privilegiado por poder contribuir com a Rosa Magalhães e de poder fazer parte desse legado incrível da Imperatriz. Está sendo um privilégio, mas, claro, tem a tensão porque eu sou estreante", diz Thiago na concentração da escola. "A volta do Carnaval depois de dois anos de pandemia significa tudo para a gente. Essa volta é também a volta de todos nós."

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