Descrição de chapéu Rio de Janeiro Folhajus

Filho de Flordelis é absolvido por morte de pastor, mas condenado por associação criminosa

Carlos Ubiraci Francisco da Silva foi condenado a dois anos e dois meses em regime semiaberto

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Rio de Janeiro

Após mais de 20 horas de julgamento, Carlos Ubiraci Francisco da Silva foi absolvido da acusação de homicídio triplamente qualificado pela morte do pastor Anderson do Carmo, morto a tiros em 2019. Filho afetivo da ex-deputada Flordelis, ele foi condenado, no entanto, a dois anos, dois meses e 20 dias de prisão em regime semiaberto por associação criminosa armada.

Filho biológico de Flordelis, Adriano dos Santos foi condenado a quatro anos, seis meses e 20 dias de prisão em regime semiaberto por uso de documento falso e associação armada. A condenação por uso de documento falso está ligada à carta escrita por Lucas Cezar dos Santos (que, segundo o Ministério Público do Estado do Rio, teria ajudado a comprar a arma do crime) já na cadeia em que ele atribui a outras pessoas a autoria do crime.

Julgamento dos réus (da esq. para a dir.) Marcos Siqueira, Adriano, Carlos Ubiraci e Andrea Santos Maia. Eles são réus do caso Flordelis - Eduardo Anizelli/ Folhapress

Em novembro, Lucas e Flávio dos Santos Rodrigues (acusado de disparar os tiros que mataram o pastor), também filho biológico da ex-deputada, foram condenados por homicídio triplamente qualificado pela morte de Anderson do Carmo. Flávio recebeu pena de 33 anos e dois meses de prisão. Lucas foi condenado a sete anos e meio de prisão e sua pena foi reduzida por colaboração com as investigações.

No julgamento desta terça-feira (12), Andrea Santos Maia e seu marido, o ex-PM Marcos Siqueira Costa, um dos filhos da pastora, também foram condenados por uso de documento falso e associação criminosa armada. Andrea recebeu uma pena de quatro anos, três meses e dez dias. Já o ex-PM foi condenado a cinco anos e 20 dias de prisão em regime fechado. A Folha não conseguiu o contato com a defesa dos réus.

Inicialmente, André Luiz de Oliveira, filho afetivo da pastora, também começaria a ser julgado nesta terça-feira (12). No entanto, o advogado do réu passou mal e o julgamento foi adiado.

De acordo com polícia e Ministério Público, Flordelis teria arquitetado a morte do pastor Anderson do Carmo em razão do controle que ele exercia sobre a vida da pastora.

Em depoimento nesta terça-feira (12), a delegada Bárbara Lomba Bueno disse que a vítima exercia controle sobre diversos aspectos da vida de Flordelis, sobretudo o financeiro.

O controle, afirmou a delegada, teria aumentado após a pastora ter sido eleita deputada federal, em 2018. À época, Flordelis teve a quinta maior votação do estado. Foram mais de 196​ mil votos.

"Quando ele consegue elegê-la, o poder dele se multiplica, cresce muito. Embora ele não tivesse posição formal dentro do gabinete, ele era o articulador político. Dizia onde ela tinha que sentar e para quem ela tinha que olhar", diz ela, acrescentando que ele dava esse tipo de orientação para que ela se aproximasse de nomes influentes da política.

"A Flordelis em certo momento já não tinha controle exclusivo sobre as coisas dela, só talvez sobre a remuneração como deputada, mas ela já não tinha controle sobre a própria vida financeira."

O julgamento de Flordelis está marcado para o dia 9 de maio, quando a ex-deputada será levada a júri popular. Além dela, serão julgadas a filha biológica Simone dos Santos Rodrigues; a neta Rayane dos Santos Oliveira e a filha afetiva Marzy Teixeira da Silva.

Flordelis está presa desde o dia 13 de agosto sob a acusação de ser a mandante do crime. Anderson foi morto aos 42 anos com mais 30 tiros na casa onde morava com a pastora e dezenas de filhos. Segundo a polícia, o crime foi motivado por insatisfação com a maneira como ele administrava a vida financeira da família.

A ex-deputada conheceu Anderson na favela do Jacarezinho, uma das mais violentas da zona norte carioca. Ele, também evangélico, era 16 anos mais novo e ainda um adolescente. O pastor era tido como arquiteto da carreira da mulher, tanto a política (foi a candidata à Câmara mais votada pelos conterrâneos em 2018) quanto a musical (era uma cantora bem-sucedida no universo gospel).

Flordelis foi presa dois dias após a Câmara dos Deputados ter cassado o seu mandado. Foram 437 votos a favor da cassação e 7 contrários, com 12 abstenções, em votação aberta —eram necessários ao menos 257 votos favoráveis para a cassação ser aprovada. Ela também foi expulsa de seu partido, o PSD.

Em 2019, a ex-deputada chegou a concorrer à presidência da bancada evangélica e perdeu apoio após a suspeita de ter tramado o assassinato do marido.

Além de homicídio triplamente qualificado —por motivo torpe, emprego de meio cruel e de recurso que impossibilitou a defesa da vítima—, ela responde por tentativa de homicídio, uso de documento falso e associação criminosa armada.

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