Durante a apuração do Carnaval 2022, os integrantes da escola de samba Mancha Verde roeram as unhas quando o quesito alegoria passou a ser votado, na tarde desta terça-feira (26). O alívio veio quando ouviram "nota 10" nos alto-falantes do Anhembi, na zona norte paulistana, dado por todos os jurados, que confirmou o título.
Terceira escola a se apresentar no primeiro dia de desfiles no sambódromo, já na madrugada de sábado (22), os integrantes da Mancha ficaram com o coração na mão quando um pedaço do carro abre-alas caiu, minutos antes da agremiação entrar na avenida.
"Neste momento, com o apoio do pessoal do barracão, conseguimos resolver o problema e, mesmo entrando na avenida com quatro minutos de atraso, conseguimos administrar nosso tempo e fazer o desfile no tempo certinho", afirmou aliviado Paulo Serdan, presidente da escola, no início da festa no barracão da Mancha, na zona norte.
Com um clima de estádio de futebol, com bandeiras e sinalizadores verdes, a festa da agremiação começou sem hora para acabar.
A agremiação venceu o Carnaval 2022 com samba-enredo "Planeta Água", fazendo referência a Iemanjá, que nas religiões de matrizes africanas é a orixá das águas salgadas.
"Iemanjá! Iê-Iemanjá! / Rainha das ondas, senhora do mar! / Iemanjá! Iê-Iemanjá! / No azul dos teus mistérios eu também quero morar", diz o refrão, que tocava na festa da quadra nesta terça.
"É ainda Carnaval e este momento é para comemorar", afirmou Tarso Gouveia, vice-presidente do Palmeiras, instantes antes do troféu do bicampeonato chegar ao barracão.
Foi difícil para o presidente Serdan chegar até o palco para discursar. A todo instante era parado receber beijos e abraços e para fazer selfies.
A agremiação conquistou seu primeiro título no Grupo Especial no Carnaval de 2019, quando apresentou o samba-enredo "Oxalá, salve a princesa! A saga de uma guerreira negra", onde contou a história da princesa africana Aqualtune, e, por meio dela, discutiu escravidão, intolerância religiosa e direitos humanos.
No último Carnaval, em 2020, a escola bateu na trave, terminando a apuração como vice-campeã.
"Aqui somos todos uma mesma família, que compartilha as tristezas e alegrias e, ainda bem, que neste ano estamos comemorando juntos", afirmou aos gritos Wellington Diego de Carvalho, 37, que há 27 anos está na Mancha, incluindo a torcida organizada do Palmeiras.
Ele acrescentou que a atitude da avenida, de parceria e colaboração, é um reflexo do convívio dos integrantes da agremiação a todo momento.
Com ele estavam o filho e a filha, de 6 e 2 anos, além da mulher, Jéssica Elestina de Santana, 30.
Ela disse que passou a torcer para o Palmeiras, além de integrar a escola de samba, quando se casou com Carvalho, há 12 anos. "Mas me apaixonei pelo clima familiar e de companheirismo, que pode ser visto aqui ao redor", afirmou se referindo à festa, cheia de gente sorrindo, se abraçando e celebrando.
A Mancha mantém um ritual em todos os Carnavais, no qual leva seus carros alegóricos para o entorno do sambódromo, empurrando no braço as alegorias, sem auxílio de tratores ou veículos de tração.
Veja aqui como ficou a apuração do Carnaval de SP nota a nota.
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